A situação de calamidade causada pela propagação do Covid-19 no Equador está superlotando hospitais e clínicas, multiplicando o número de corpos jogados e queimados no meio da rua, com o país obrigado a restringir a mobilidade e a decretar toque de recolher.

O fato, descreve um jornalista, “é que a situação colapsou, obrigando a muitas famílias terem que abandonar os cadáveres de seus entes queridos ou cremá-los em plena rua, sem nenhum tipo de biossegurança”.

Uma das regiões mais afetadas, Guayaquil – maior cidade e capital equatoriana – registrou 308 cadáveres recolhidos, dentro de moradias e espalhados pelas ruas. De acordo com funcionários da própria polícia, faltariam ainda 111 corpos para recolher, números que destoam completamente dos divulgados pelo governo de Lenin Moreno.

Recentes levantamentos confirmam que a situação é realmente grave, com o Equador registrando 54,15% dos exames dando positivo para o Covid-19, como apurou o próprio Sistema Nacional de Gestão de Riscos. Os números colocam o país entre os de maior incidência per capita na região.

Os dados oficiais, tornados públicos na última terça-feira, têm como base 506 amostras, das quais 274 deram positivo e 232 foram descartadas. Assim, se até a segunda-feira eram 1.966 casos apurados pelo Ministério de Saúde e processados pelo Instituto Nacional de Saúde Pública e Investigação (Inspi) e por laboratórios autorizados – sob supervisão governamental -, 24 horas depois já somavam 2.240 positivos.

O enorme contingente de pessoas que têm procurado informações sobre a evolução da doença está congestionando o sistema, fazendo com que até mesmo grandes laboratórios clínicos – que cobram entre US$ 120 e US$ 300 – sejam obrigados a suspender exames. É o caso do Interlab, que anunciou a paralisação das atividades neste 31 de março por “falta de reagentes e outros materiais necessários para a realização da prova para coronavírus”.

Há pessoas que apresentam sintomas característicos da doença chegando a hospitais públicos superlotados e que devido à sua condição precisam voltar para casa sem realizar o teste. Em muitos casos estes doentes veem sua condição agravada, vindo a morrer sem qualquer assistência e sem que a palavra coronavírus sequer conste nos relatórios oficiais.

No último informe, o vice-ministro de Governo e Vigilância do Ministério da Saúde informou que o Equador, país de 17 milhões de habitantes, somava 75 pessoas mortas pelo Covid-19. Além disso, há outros 61 falecidos provavelmente pela doença e 3.252 casos suspeitos de contágio nas 24 províncias (estados).