“Hoje entraram na minha casa de madrugada, derrubaram a porta enquanto eu dormia. Me levaram presa sem provas", denunciou a governadora Paola Pabon - Ultimas Notícias

Paola Pabón, governadora da província de Pichincha, onde se situa a capital, Quito, e líder do Movimento Revolução Cidadã, foi presa na madrugada do dia 14.

Ao prender a governadora e outras lideranças do movimento opositor Moreno contradiz a declaração de que revogava o Decreto 883 em nome da “paz” no país. O decreto, obedecendo a ditames do FMI, provocou o levante popular ao cortar subsídios e catapultar os preços dos combustíveis.

Com o acordo, a sublevação, que tomara as ruas da capital Quito e as estradas equatorianas por 12 dias, cessou, como prometeram os líderes da Coordenação Nacional Indígena do Equador, que encabeçaram os protestos e exigiram o fim das medidas que elevaram os preços dos combustíveis e ameaçavam os servidores públicos do país.

O Movimento Revolução Cidadã, divulgou documento no qual denuncia: “Esse regime perverso culpou nosso movimento político pelas massivas mobilizações em protesto à aplicação das políticas do FMI e, como observamos dias atrás, vem preparando o terreno para culpar os líderes da Revolução Cidadã como responsáveis ​​pelas greves e mobilizações nacionais para parar, aprisionar e proibir os líderes da Revolução Cidadã”.

O documento enfatiza que “o modo de agir do regime de Moreno contra o ex-presidente Rafael Correa, o vice-presidente Jorge Glas, a perseguição ao ex-chanceler Ricardo Patiño, que se encontra com asilo político concedido pelo governo do México, a proteção outorgada pela embaixada desse mesmo país a nossa companheira deputada Gabriela Rivadeneira e a feroz perseguição contra todos os companheiros é uma cabal demonstração dos atropelos ao Estado de Direito e dos direitos humanos perpetrados pelo regime”.

A prisão de Paola, poucas horas após a celebração do acordo com os líderes dos protestos, mostra o governo do Equador longe de buscar a distensão, aproveitando a pacificação para perseguir opositores que apoiaram a luta do povo contra os desmandos do FMI. Nega, inclusive, o espírito expresso por Moreno na “Mesa de Diálogo” de onde saiu comprometido com a suspensão do Decreto 883 e a redação de um novo, com a participação das lideranças populares e mediação da ONU e da Igreja.

A governadora resistiu, como podem ver, no vídeo que publicamos ao final da matéria e que mostra imagens da arbitrariedade. A ação foi de uma amiga presente que conseguiu documentar e divulgar. “Cuidado! Este é meu telefone! Vocês não podem tomá-lo!”, repetiu várias vezes a governadora apontando com o dedo em riste aos policiais, como se pode ver no vídeo.

Em sua conta no twitter, a governadora afirmou que as autoridades carecem de motivos para a detenção, ocorrida nas primeiras horas da madrugada e denunciou o ato de “perseguição política”.

“Deixem o mundo saber. Eles entraram, quebraram a porta, chutaram”, conseguiu ainda denunciar Paola Pabón, acrescentando: “Hoje entraram na minha casa de madrugada, derrubaram a porta enquanto eu dormia. Me levaram presa sem provas. Ser oposição em uma democracia não pode ser delito. Não é democracia quando se persegue os opositores políticos desta forma”.

Deputados da Assembleia Nacional dirigiram-se à unidade policial para levar apoio à governadora.

“De maneira arbitrária procedem à prisão da governadora de Pichincha, Paola Pabón, quando, dissemos que NÃO cometeríamos crime algum e que íamos investigar, mas que nos permitam nos defender constitucionalmente”, escreveu, nas redes sociais, Virgilio Hernández, secretário-executivo da organização política, Revolução Cidadã, que, logo a seguir, também foi preso.

Por sua vez, o ex-presidente da República, Rafael Correa, alertou: “Eles acusam Paola Pabón, de bloquear estradas com caminhões basculantes, o que é falso. Quem bloqueou a ponte Unidade Nacional para evitar a livre mobilidade de equatorianos, foi a prefeita de Guayaquil, como ela mesmo o declarou. Até quando!”.

Em declarações à imprensa, o deputado Franklin Samaniego destacou que se desconhece o motivo da detenção de Pabón e outras pessoas que, alertou, “estão sendo perseguidas”.

“Queremos que se leve em consideração a cidadania. Aqui não é o assunto de uma organização política. Aqui estão violando os direitos humanos e responsabilizamos o governo pelo que está acontecendo’, afirmou.

A Promotoria Geral da república, confirmou a prisão da governadora através de uma mensagem divulgada publicamente, assumindo que “equipamentos tecnológicos, telefones, substâncias sujeitas a fiscalização e documentação” foram subtraídos da residência da governadora.

A imprensa equatoriana também divulgou mensagem da governadora à ministra do Interior, Maria Paula Romo:

“Isto é uma agressão aos direitos humanos, isto é perseguição política. Meu único delito é ser militante da Revolução Cidadã. A senhora e seu governo me acusam sem provas. No momento em que a Procuradoria do Equador requerer, estou disposta a dar a minha versão. Não tenho medo de seu regime de repressão e perseguição. Quem que nada deve, nada teme”.