Epidemiologista Fauci celebra o fim do negacionismo na Casa Branca
Era muito claro que havia coisas que eram ditas e que eram muito desconfortáveis por que não eram embasadas em fatos científicos”, afirmou, nesta sexta-feira (22), o Dr. Anthony Fauci, epidemiologista chefe dos Estados Unidos sobre o período em que predominou o negacionismo da ciência durante o desgoverno Trump.
Reconduzido ao posto de médico conselheiro chefe da Presidência por Joe Biden, Fauci que ocupa a direção do Instituto Nacional para Alergias e Doenças Infecciosas, destacou, em informe desde um dos salões da Casa Branca, que “a ideia de estar aqui e falar do que se sabe, quais evidências são encontradas, do que é ciência, e é isso – deixe que a ciência fale – é, de certa forma, uma sensação de libertação”.
Dr. Anthony Fauci assume com a tarefa de elaborar um plano de ação capaz de vacinar 100 milhões de pessoas em 100 dias, em meio a uma explosão da doença que já ceifou mais de 400.000 vidas e que, segundo as previsões apresentadas pelo próprio Biden, a pandemia nos Estados Unidos ainda vai ultrapassar as 500 mil mortes antes da inflexão rumo à superação da doença nos Estados Unidos.
Poucas horas após sua posse, o novo presidente escreveu para a Organização Mundial da Saúde (OMS) para reverter a posição de Trump de alijar o país da OMS ocorrida em meio ao momento mais grave da pandemia.
Na carta ao diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, Biden declara que “a OMS exerce um papel crucial na luta mundial contra a mortal pandemia assim como no enfrentamento a inúmeras outras ameaças à saúde global e à segurança em termos de saúde”.
Biden declara ainda que, a partir de agora, “vamos garantir que os especialistas e cientistas vão trabalhar livres de interferência política e tomaram decisões baseadas apenas na ciência e na saúde”.
Durante o governo de Trump, Fauci entrou diversas vezes em choque com o ocupante da Casa Branca devido aos ataques do então presidente às medidas e restrições preventivas orientadas pelos cientistas e especialistas norte-americanos para evitar a propagação do coronavírus.
Trump atuou na direção oposta à da ciência. Retirou os Estados Unidos da OMS, pretextando uma suposta relação privilegiada da entidade com a China; declarou (tal como Bolsonaro) que a Covid-19 era “uma gripezinha”, que desapareceria com o calor do verão; chegou a propor o uso de detergente injetado nos pulmões dos pacientes acometidos do vírus; e sabotou o uso de máscaras como proteção contra a disseminação do vírus, mesmo com o número de contágios e mortes se acelerando de forma mais veloz e dramática do que em qualquer país do mundo.
O Dr. Fauci não se omitiu. Em uma das respostas à retórica negacionista de Trump, afirmou: “Tudo que você deve fazer é ir até as trincheiras, vá aos hospitais, veja com o que os trabalhadores da saúde estão lidando, eles estão em situação extremamente estressante”.
Depois de diversos choques com o Dr. Fauci, a quem Trump chegou a acusar de “desastre”, o médico foi afastado das aparições públicas para apresentar os informes sobre a crise sanitária pela Casa Branca e das reuniões da equipe que tratava das questões relativas à pandemia na Casa Branca. Como se isso não bastasse, Trump cortou o contato com o epidemiologista chefe do país meses antes do fim de seu mandato.