Entidades anti-guerra nuclear pedem a Joe Biden que prorrogue tratado. Na foto, teste de míssil nos EUA

Com o único tratado que ainda existe de limitação de armas nucleares ameaçado de expirar 16 dias após a posse, entidades e personalidades norte-americanas instaram o presidente eleito Joe Biden a prorrogar o Novo Start por cinco anos imediatamente e sem pré-condições, como prevê o tratado que Rússia e EUA assinaram durante o governo Obama.

O acordo que entrou em vigor em 2011 estabelece como 1550 ogivas nucleares como limite, restringe os meios de lançamento e assegura inspeções mútuas.

“Tal como é necessária uma ação dramática para combater pandemia de Covid-19 e as alterações climáticas, é necessária uma liderança americana imediata, inteligente e ousada para reduzir a ameaça de catástrofe nuclear”, afirmam em carta entregue à equipe de transição de Biden no dia 19 de novembro, como registrou a agência de notícias Reuters.

AMEAÇA À PAZ

“Claramente, uma das primeiras prioridades do novo governo deve ser chegar a acordo com a Rússia para prolongar Novo START por cinco anos sem condições antes de 5 de Fevereiro de 2021”.

Entre os signatários estão a Associação pelo Controle de Armas, a Federação dos Cientistas Americanos, Médicos Internacionais pela Prevenção da Guerra Nuclear, Pax Christi USA, Igreja Metodista Unida, Sierra Club, Centro pelo Controle de Armas e Não-Proliferação, Conselho por um Mundo Habitável, Campanha pela Paz, Desarmamento e Segurança Comum, Além da Bomba, Ação pela Paz, União dos Cientistas Engajados, Vitória Sem Guerra. Há, também ex-diplomatas e negociadores de acordos de armas.

“O prolongamento do Novo START por cinco anos proporciona o tempo necessário para as complexas negociações sobre um acordo subsequente”, afirmou Daryl Kimball, diretor executivo da Associação de Controle de Armas, que coordenou a carta. A Rússia já se pronunciou favorável à prorrogação, sem pré-condições.

A carta enfatiza que “a nova administração tem uma oportunidade histórica de reduzir o risco crescente de catástrofe nuclear, invertendo a expansão do papel das armas nucleares por parte da administração Trump e alterando políticas de utilização nuclear desatualizadas e perigosamente permissivas dos EUA”.

Os signatários, lembrando uma declaração de janeiro de 2017 do então vice-presidente Biden, pediram a ele que adote formalmente uma política “de não-primeiro ataque nuclear”.
Também solicitaram a Biden que reafirme o apoio à ratificação pelos EUA e entrada em vigor do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares.

As entidades também alertaram que o atual programa do Pentágono de modernização das armas nucleares, orçado em US$ 2 trilhões nas próximas décadas, “excede o necessário para manter um dissuasor nuclear credível” e irá “desviar fundos de outras necessidades mais prementes”.

Os signatários conclamaram ainda Biden a reverter a ação do governo Trump de instalação de um míssil balístico submarino nuclear de baixo rendimento e interromper a construção dois novos mísseis de cruzeiro nucleares lançados, respectivamente, de submarino e por ar.

A carta também advoga que o novo governo atue “de forma construtiva com outros países para criar uma apoio majoritário na 10ª Conferência de Revisão para a Não-Proliferação Nuclear Tratado (TNP)”, através de um plano de ação que reafirme os compromissos e obrigações do TNP e delineie passos concretos para avançar nos objetivos de desarmamento do Artigo VI.

Fontes próximas à equipe de transição, falando sob anonimato à Reuters, disseram que o presidente eleito apoia uma prorrogação como “base para novos acordos de controle de armamento”, mas que não há uma decisão sobre a duração que será buscada.