A Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel) contesta as afirmações do secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, de que a estatal está endividada e por isso tem que ser privatizada, sob risco do governo ter que injetar R$ 14 bilhões por ano na Eletrobrás.
“A Eletrobrás não é uma empresa deficitária. Em 2018 registrou lucro recorde de R$ 13,3 bilhões e até o terceiro trimestre de 2019 já tinha apresentado lucro líquido de R$ 7,6 bilhões”, declarou a entidade ao Estadão.
A associação afirma que somente este ano a Eletrobrás injetou R$ 700 milhões no caixa do governo em forma de dividendos, e que nos últimos 11 anos foram transferidos ao Tesouro Nacional cerca de R$ 16 bilhões.
“Se hoje a Eletrobras prefere repassar dividendos bilionários para os seus acionistas, entre eles a União, em detrimento de realizar investimentos, é uma opção dos seus controladores, no caso, o governo. O governo é quem tem que decidir se quer os investimentos ou se quer os dividendos. Só não dá para maximizar os dividendos e reclamar da falta de investimentos. Isso é propagar desinformação, mentiras e incoerência”, afirma a nota da Aesel.
Segundo o próprio presidente da empresa, Wilson Ferreira Júnior, a geração de caixa da estatal vai ultrapassar os R$ 10 bilhões no final de 2019.
Porém, ao invés de investir, Ferreira transferiu os recursos da estatal para o Tesouro e reduziu o quadro de funcionários da estatal de 26 mil para 12,5 mil desde o início de sua gestão em 2016, visando o desmonte da companhia e sua privatização.
Na semana passada, Salim Mattar anunciou que vai torrar 300 estatais e que a Eletrobrás é prioridade este ano.
Em novembro do ano passado, Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso Nacional o projeto de lei que permite a privatização da Eletrobrás.
O texto terá que passar pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal e já encontra resistência entre parlamentares e governadores. A resistência nas bancadas do Norte e Nordeste é grande e até então não foi nem indicado relator para a proposta.