Um dos líderes da manifestação de domingo (3), em Brasília, pela destituição do presidente da
Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a expulsão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)
é o engenheiro eletricista Renan Sena. A mesma pessoa que foi flagrada no dia 1º de maio,
agredindo uma enfermeira que alertava em um ato pacífico para a necessidade da quarentena
no combate ao coronavírus.
De acordo com o portal UOL, Renan Sena é funcionário terceirizado fantasma do Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado pela ministra Damares Alves.

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informa que Renan da Silva Senna
“não faz mais parte da equipe de prestadores de serviços terceirizados”. A pasta de Damares
Alves informou que o ex-colaborador atuava como assistente técnico administrativo na
Coordenação-Geral de Assuntos Socioeducativos, onde cumpriu tarefas até o dia 7 de abril.
Em imagens gravadas por pessoas que estavam no local, o engenheiro aparece xingando e
agredindo a enfermeira, que é empurrada. Os profissionais de saúde presentes entram em sua
frente para protegê-la. Sena estava acompanhado de outros dois bolsonaristas. Todos foram
identificados pelo Conselho Regional de Enfermagem do DF, que já informou que vai processá-
los.
Ligado a grupos de direita que pedem ações como o fechamento do STF e que seus ministros
sejam julgados por crimes por uma “corte militar”, Renan Sena teve participação direta na
organização do ato e estava presente na Praça dos Três Poderes no domingo. Sua atuação foi
confirmada ao Estado pela Polícia Militar do Distrito Federal, que detinha, inclusive, o contato
de Sena como um dos representantes da manifestação.
Agora o caso é investigado pela Procuradoria da República no Distrito Federal. Renan pode
pegar até um ano e quatro meses de prisão.
HISTÓRICO
Renan Sena também é o responsável pela colocação de faixas com ofensas e xingamentos
contra o presidente da China, Xi Jinping, no dia 20 de março. Os cartazes posicionados na
frente da Embaixada Chinesa em Brasília traziam fotos do presidente Xi Jinping e xingamentos
em inglês e português, com a hashtag “China Lied People Died (China mentiu pessoas
morreram)”.
Dois dias antes desse episódio na representação diplomática, o deputado Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP), filho de Jair Bolsonaro, tinha ido às redes sociais para culpar a China pela
disseminação do coronavírus e omissão de informações. O mal-estar provocou a uma forte
reação da Embaixada da China, levando Bolsonaro a procurar Xi Jinping quatro dias depois,
para tentar amainar a crise diplomática. Durou pouco. Alguns dias depois a China era atacada
novamente por Eduardo Bolsonaro e pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, que fez
uma publicação considerada racista nas redes sociais.
Conselho de Enfermagem processará agressores
Os apoiadores de Jair Bolsonaro, que agrediram os profissionais de saúde serão processados
pelo Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF).
“O Coren-DF juntou todo o material probatório, identificou os agressores e vai processar cada
um deles. A ignorância e a violência perpetrada contra a enfermagem do Distrito Federal, em
pleno Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, não ficará impune, será respondida judicialmente
para que não mais se repita”, diz o comunicado oficial.
“Uma das enfermeiras, que protestava silenciosamente e não reagiu, foi tomada
violentamente pelos braços pelo agressor. Um terceiro elemento do grupo de agressores fez
um vídeo, e publicou nas redes sociais, dizendo que o protesto era fake news, que moradores
de rua tinham sido abordados e convencidos a usar jalecos brancos para se passar por

médicos. Depois de ultrapassar 20 mil visualizações, o vídeo foi apagado”, descreve o conselho
em nota.
O Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal também repudiou os ataques sofridos aos
profissionais. Após as agressões serem amplamente divulgadas, os agressores receberam
ataques em redes sociais, com a exposição de nomes e dados pessoais.