Energia elétrica mais cara ameaça 456 mil empregos
O encarecimento das tarifas de energia elétrica e seu impacto sobre a inflação será responsável pela perda de R$ 8,2 bilhões do Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano. O calculo foi feito por estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que considerou os efeitos diretos e indiretos que a energia elétrica nas alturas trará para a produção, o mercado de trabalho, e o consumo das famílias este ano e ano que vem.
A perda estimada para o PIB deste ano (de R$ 8,2 bilhões) representa uma variação negativa de 0,11%. Para 2022, o estudo da CNI considera que o impacto será da ordem de R$ 14,2 bilhões a preços de 2020, perda de 0,19%.
“O alto custo dos impostos e dos encargos setoriais e os erros regulatórios tornaram a energia elétrica paga pela indústria uma das mais caras do mundo, o que nos preocupa muito, pois a energia elétrica é um dos principais insumos da indústria brasileira”, afirmou Robson Braga de Andrade, presidente da entidade, em nota. “Essa elevação do custo de geração de energia é repassada aos consumidores, com impactos bastante negativos sobre a economia”.
O baque da inflação, já sentido pelo setor produtivo no aumento dos custos, resultará em uma perda de R$ 2,2 bilhões para a indústria e a redução de 166 mil empregos no final deste ano em relação ao nível de pessoas ocupadas na indústria entre abril e junho. Prevendo resultados para 2022, ano para o qual economistas já esperam PIB negativo, os custos com energia elétrica devem afetar 290 mil empregos em relação ao nível de pessoas ocupadas no primeiro trimestre deste ano.
Outro componente do PIB que terá redução drástica como consequência da crise energética é o consumo das famílias, afirma a CNI. A redução esperada, em valores, é de R$ 7 bilhões neste ano (-0,15%) e de R$ 12,1 bilhões no ano que vem (-0,26%).
“O primeiro efeito sobre os custos é direto, via gastos adicionais para manutenção da sua própria atividade. De modo indireto, as empresas veem o aumento do preço dos insumos no mercado local, com o repasse do aumento no custo com energia pelas cadeias produtivas. Com o aumento no preço dos insumos domésticos, as empresas os substituem por importados, o que gera impactos negativos para os produtores de insumos nacionais”, explica Maria Carolina Marques, economista da CNI, responsável pelo estudo.
Ao invés de promover investimentos no setor, o governo Bolsonaro decidiu culpar a redução do volume de chuvas este ano – e consequente resultado sobre a produção de energia nas hidrelétricas –, aumentando as tarifas e criando taxas extras nas contas de luz.
Soma-se a isso a autorização para que as distribuidoras fizessem reajustes de suas tarifas mesmo em meio à explosão inflacionária. Para as famílias, isso se refletiu no aumento de 16,87% nas contas em relação ao valor inicial da bandeira tarifária vermelha. A CNI estima que no ano que vem o aumento médio anual será de 18,80% entre a manutenção da “bandeira da escassez hídrica” e os reajustes das distribuidoras.