Endividamento das famílias é recorde em agosto, diz BC
O aumento dos juros pelo Banco Central, se não tem qualquer efeito sobre os preços dos combustíveis e da energia elétrica, por outro lado, inibe ainda mais o crédito às pessoas físicas e às empresas.
A taxa média geral de juros, incluindo todas as linhas de empréstimos, cobrada pelas instituições financeiras, cresceu em agosto, acompanhando a alta do juro básico da economia (Selic). A taxa atingiu o maior patamar em 16 meses, segundo as estatísticas monetárias e de crédito divulgadas pelo Banco Central (BC), nesta terça-feira (28).
O endividamento das famílias, relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses, bateu o recorde de 59,9% em junho, a taxa é a maior registrada desde 2005. Já o comprometimento da renda, relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período, ficou em 30,9% naquele mês.
Para pessoas físicas que enfrentam a carestia nos preços dos alimentos, na conta de luz, do gás de cozinha, em meio à queda na renda, a taxa de juros no crédito livre chegou a 40,9% ao ano, um aumento de 1,1% na comparação com julho. Para as empresas, que ainda enfrentam as consequências da pandemia, alcançou 16,2% ao ano.
Segundo o BC, os juros do cheque especial subiram de 124% em julho para 124,9% ao ano em agosto. Na comparação com agosto do ano passado, os juros situavam-se em 112,2% ao ano.
O juro do cartão de crédito atingiu em agosto 336% ao ano em agosto, a maior taxa em quatro anos.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, o cartão de crédito encabeça a lista dos itens que mais compromete a renda para mais de 80% das famílias endividadas. “Mês a mês tem superado os recordes dentre as modalidades de endividamento”, diz a CNC.
“Dentre as famílias mais pobres, o orçamento apertado tem influenciado o maior uso do cartão de crédito também para aquisição de itens de primeira necessidade, como alimentos e produtos de higiene, por exemplo”, destaca a entidade.