Encontro Mulheres com Lula do NE debate crise que afeta brasileiras
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Um novo encontro de mulheres, desta vez do Nordeste, debateu, na noite desta quarta-feira (6), a contribuição feminina ao programa de governo dos pré-candidatos Lula (PT) e Alckmin (PSB) à presidência. Em pauta, a difícil situação enfrentada sob o governo de Jair Bolsonaro (PL) e a busca pela conquista de um governo que atenda às necessidades das brasileiras, sobretudo das mais vulneráveis. Ao mesmo tempo, as participantes destacaram a importância de eleger parlamentares mulheres e de ampliar a inserção feminina nos espaços de poder como forma de aprofundar as transformações sociais rumo à equidade.
Embora sejam cerca de 52% da população, as mulheres não se veem representadas, na mesma proporção, nos espaços de poder, especialmente no âmbito político. No final de 2021, o Brasil ocupava o 142° lugar na lista internacional que aponta participação de mulheres na política; elas são apenas cerca de 15% da Câmara e 12% do Senado atualmente.
Além disso, são as que mais sofrem com a crise econômica e com o aumento da violência, o que inclui as agressões doméstica e sexual e os feminicídios. No ano passado, houve cerca de um estupro a cada dez minutos e um feminicídio a cada sete horas. A taxa de desemprego também é maior entre as mulheres e para quase metade da população feminina, falta dinheiro para comprar comida. Vale salientar que toda essa situação pesa ainda mais sobre as negras.
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Estes foram alguns dos pontos abordados durante o encontro, que aconteceu de maneira virtual e contou com a participação de centenas de mulheres de todos os estados da região, além de militantes e lideranças sociais e políticas, como governadoras, vice-governadoras e parlamentares, dos partidos que compõem a coligação Vamos Juntos pelo Brasil (PT, PCdoB, PV, PSB, Rede, PSol e Solidariedade).
Após ato político com as falas de algumas dessas lideranças, elas se reuniram em grupos temáticos para colocar suas opiniões. As propostas colhidas no giro de debates ocorridos pelo país — que termina dia 8 com o Sudeste — serão incorporadas ao documento final, a ser entregue ao ex-presidente Lula.
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Elas em foco
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Ao falar durante o encontro, a governadora do Piauí, Regina Souza (PT), destacou ser preciso “apontar para Lula as propostas para superarmos os problemas enfrentados hoje pelas mulheres” e lutar para ampliar a participação feminina nos parlamentos para dar sustentação aos governos sintonizados com as transformações sociais de que o Brasil precisa. A governadora também defendeu uma ampla frente para derrotar o bolsonarismo.
A vice-governadora de Pernambuco e presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, recordou o papel de mulheres lutadoras do Nordeste que marcaram a história do país. E declarou: “somos as mais afetadas pela crise, está claro que precisamos pautar a nossa agenda, sobretudo diante das dificuldades econômicas, do aumento da fome no país, do desmonte das políticas para as mulheres e do desmonte dos instrumentos capazes de fomentar nosso desenvolvimento”.
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Ela acrescentou ainda que “não é possível que a gente seja a maioria dos eleitores, mas que a gente eleja tantos homens e tão poucas mulheres”. Porém, salientou, “também estamos falando de ter mais mulheres exercendo a sua cidadania em plenitude, de ter mais vozes femininas nos representando em sindicatos, entidades, movimentos sociais”.
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Dora Pires, secretária de Mulheres do PSB, fez um panorama da situação das brasileiras hoje e salientou que “a unidade é a chave para construirmos a tão necessária vitória” e para que as brasileiras “possam resgatar seus sonhos”. Márcia Campos, secretária-adjunta de Mulher do PCdoB destacou que “está nas mãos das mulheres tirar Bolsonaro do poder”.
O evento contou ainda com falas da vice-governadora do Sergipe, Eliane Aquino; da deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA); das deputadas estaduais Olívia Santana (PCdoB-BA) e Estela Bezerra (PT-PB) e da vereadora do PCdoB do Recife e escritora, Cida Pedrosa.
Por Priscila Lobregatte