Reunião nacional de estruturação partidária contou com 21 estados presentes

A reunião de estruturação partidária nacional, realizada na última segunda-feira (3), na sede do Comitê Central, em São Paulo, constituída por dirigentes estaduais e nacionais debateu os meios e os caminhos para fortalecer o PCdoB através de uma ação planejada e sinérgica. Via web conferência, a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, fez uma saudação aos dirigentes e ressaltou a importância estratégia de se realizar encontros e reuniões de balanço da nova situação política no país e suas consequências à construção do PCdoB. Ressaltou a relevância de que seja examinado o desempenho do Partido nas três frentes de acumulação de forças: luta de ideias, institucional e luta de massas no último período.

Os secretários nacionais do Comitê Central, Fábio Tokarski (Organização), Ricardo Abreu Alemão (Finanças), Adalberto Monteiro (Comunicação) e Neide Freitas (Planejamento) comandaram os trabalhos da reunião. Mais quatro secretários nacionais fizeram fala no encontro como Liège Rocha (Movimento Social), André Tokarski (Juventude), Nivaldo Santana (Sindical), Angela Albino (Mulher) que se revezaram com falas sobre cada área de atuação.

No Encontro, vinte e um estados foram representados no debate: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Nesta significativa representação dos estados, marcaram presença treze presidentes e catorze  secretários de organização, entre outros dirigentes participaram do encontro, três estados por web conferência. Os mesmos se revezaram em depoimentos de balanço e perspectivas políticas e de organização partidária de acordo com cada região.

O secretário nacional de Organização, Fábio Tokarski, elogiou a presença de representantes de todas as áreas na reunião. Para ele, é a partir da dimensão da organização partidária é que se deve ter uma maior integração, uma sinergia de todas as frentes partidárias, disse, citando como exemplo os movimentos, sindical, de juventude, de mulheres e da luta contra o racismo.

“Temos que dar um salto de qualidade no jeito que fazemos política, enfatizou. Tokarski rememorou que o conjunto da direção nacional partidária tomou uma série de decisões no seu 14º Congresso, que se realizou em outubro do ano passado, e que a não realização dessas resoluções são base para a constatação de que houve uma certa crise de realização.

O secretário citou alguns exemplos e fez uma fala com o intuito de agregar e aprofundar o debate. “Um dos aspectos é que trabalhamos muito fragmentados, temos que superar isso”. O dirigente enfatizou sobre a imperatividade de ser executar o que foi planejado.

“Aprovado o plano, a cada reunião da direção nos estados ou municípios estratégicos deve-se discutir as formas de execução. Como se dará a realização do que foi planejado coletivamente. Esse é o processo que assegura o planejamento”, afirmou o dirigente. Para tanto, Fábio Tokarski sugeriu aos dirigentes que revisitassem a resolução do Comitê Central aprovada no ambiente do Congresso, instância máxima de direção partidária. “Lá contém as decisões da direção, principalmente, sobre a integração de várias áreas de direção do partido”. O dirigente também citou a preocupação do Partido com a alternância de renovação dos quadros dirigentes e as orientações para o centenário do PCdoB até 2022. “São dez orientações para o centenário do Partido”, lembrou Fábio.

Exercício de estruturação partidária

A secretária nacional de Planejamento, Neide Freitas, elogiou a presença de todos na reunião e ressaltou a necessidade de os dirigentes “pensar o funcionamento da organização cada vez mais fora da caixinha”. E fazer, segundo ela, dessa nova forma de funcionamento que se pretende organizar, um exercício da estruturação partidária. “Essa reunião inaugura também o que a gente pretende que seja uma nova forma de funcionamento da nossa estrutura, do nosso partido para os próximos anos”, disse Neide.

Para ela, as ações referentes ao planejamento e das demais frentes de atuação do Partido devem levar em conta o novo ambiente político do país.“Esse novo ambiente é caracterizado por um governo que é ultraliberal, conservador, de extrema direita com características fascistas, ressaltou Neide.

Atuação crescente na internet

O secretário nacional de Comunicação, Adalberto Monteiro sublinhou que é consenso nas diferentes análises acerca da vitória da extrema-direita nas eleições presidências o fato de a esquerda ter perdido a guerra midiática, sobretudo, nas redes sociais.

A partir desse diagnóstico disse que a comunicação do PCdoB desde já no âmbito desse movimento geral que a esquerda é desafiada a empreender, o Partido é chamado a dar um salto de qualidade na sua comunicação, em especial, nas redes sociais.

O dirigente recordou a atuação combativa dos comunistas na Comunicação. “O PCdoB foi pioneiro na esquerda quando em 2002 lançou o Portal Vermelho, agora é chamado a fazer um movimento irruptivo de sua comunicação, nós fomos pioneiros, mas só que em 16 anos muita coisa mudou”, avaliou.

Para isso, Adalberto indicou que “felizmente” o PCdoB tem quadros, lideranças, profissionais e pesquisadores, que têm forte atuação e conhecimento na internet. “Temos talentos que estão na vanguarda do que acontece nas redes sociais” e citou o caso da deputada estadual do Rio Grande do Sul, Manuela d’Ávila – candidata à vice-presidência na chapa com Fernando Haddad nas eleições presidenciais de outubro – que tem mais de 1,2 milhões de interações em suas redes sociais. Mesmo antes da campanha propriamente dita, quando Manuela foi pré-candidata do PCdoB à presidência da república, ela cresceu cerca de 2,500% de seguidores nas redes.

Mesmo com uma “pequena e competente equipe que entre nós é um exemplo do êxito maior em termos do trabalho nas redes sociais”, ressaltou o dirigente.

Adalberto destacou ao final o desafio do PCdoB e da esquerda em geral de realizar um jornalismo combativo, crítico, no contexto de um governo da extrema-direita, que muito provavelmente irá procurar criminalizar a mídia digital que será crítica ao governo Bolsonaro. Será necessário sagacidade para não facilitarmos a investida de intimidação e criminalização.

Participação da presidenta Luciana

Direto de Pernambuco, a presidenta nacional do PCdoB também colaborou com o debate. Resumiu o pronunciamento realizado por ela na reunião do Comitê Centra no fim de semana e destacou que o conjunto partidário deve fazer um balanço do último período para tirar consequências e ainda definir algumas linhas táticas, “de muita amplitude, sagacidade e resistência”. Para ela, só assim é possível reduzir os danos da ofensiva que toda a esquerda terá pela frente. A sua intervenção está em grandes linha contida no Informe ao Comitê Central.

Traçar os planos eleitorais

Em sua fala na reunião, o secretário de Finanças, Ricardo Alemão, também comemorou o processo de incorporação do PPL ao PCdoB. Segundo ele, “a vontade política é de afinar a viola, preservando o caráter do partido leninista, revolucionário, de princípios, de classe e patriótico”. Para Alemão, o enlace será de ganho muito grande para os dois partidos.

Com experiência de ter sido dirigente da Organização no último mandato, Alemão afirmou que o PCdoB deve procurar desde já traçar os planos para a próxima eleição municipal, “com lideranças de vários setores da sociedade”.

Em sua visão, a eleição é uma colheita e a luta política desemboca no processo eleitoral. Segundo Alemão, para construir uma disputa eleitoral exitosa, o partido tem que ter uma “ação de base, com liderança de base, permanente, com ação planejada que se estrutura. “Se pensar bem, é pouco tempo até para 2020”.

Mesmo que a campanha de massa mais forte seja a eleitoral, Alemão criticou o que chamou de ‘eleitoralismo’, para ele, o partido que só tem vida efetiva no período eleitoral perde perspectiva e força.

Para atravessar as dificuldades do próximo período, o dirigente ressaltou a importância do trabalho de finanças como uma tarefa do conjunto dos dirigentes e da militância como um todo. Chamou atenção para a necessidade de o Partido buscar um salto de qualidade na contribuição militante e, também, através de outras iniciativas.

Base eleitoral

Responsável pelo departamento nacional de Quadros, Carlos Augusto (Patinhas), destacou que a direção partidária, sobretudo na organização, deve estar ligada a uma base concreta, com ligação direta com as massas. De onde vamos tirar os nossos quadros para a frente eleitoral? Onde vamos construir nossos redutos eleitorais?”, refletiu.

Para ele, os resultados eleitorais vitoriosos têm relação com a atuação dos candidatos direta com as massas, tanto no movimento sindical, como institucional. Para Patinhas, deve-se destacar desde já os candidatos originários das áreas sociais para enfrentar o próximo período eleitoral. “A sua base tem que ter projeto político.”

“Cada companheiro tem que estar ligado a uma base concreta, com um projeto político para ter voto. Não adianta lançar candidatos na véspera que não tem voto. Com isso, disse o dirigente, “nós fortalecemos as entidades do partido” e a ação institucional e ao mesmo tempo, a ligação com um povo, com criação de uma rede de articulação da internet nacional e nos estados, nas bases do partido.

“Para isso, temos que nos empenhar para termos redutos nas categorias, da juventude, de mulheres, no âmbito institucional, temos que uma ação de formação de lideranças. Tudo isso são quadros do movimento social, para a luta de ideias, para as frentes institucionais, são quadros para a direção do partido que no próximo ano, devem realizar conferências a partir de agosto. Nós precisamos fazer o trabalho de colocar as direções em um novo patamar, e para isso, segundo Patinhas, é preciso colocar os desafios abertamente que teremos pela frente, para o conjunto do partido, visando colocar o partido em outro patamar. Precisamos capacitar e mobilizar as direções estaduais, municipais e das grandes cidades, só assim, teremos uma resposta altamente positiva, avaliou.

Indicações do Encontro

No arremate da reunião, o secretário de Organização, Fábio Tokarski indicou que haverá reuniões e encontros no curso de preparação do Congresso Extraordinário que além da incorporação do PPL ao PCdoB irão debater a nova realidade do Brasil sob o governo da extrema-direita de Jair Bolsonaro, bem como a nova tática do Partido. Esse debate sobre o governo Bolsonaro e a nova tática irá desembocar na reunião do Comitê Central marcada para os dias 15 e 16 de março de 2019. Já a sessão conjunta dos congressos do PCdoB e do PPL que se realizará em 17 de março terá como ordem dia, uma pauta única: a eleição de um novo Comitê Central para contemplar a incorporação do PPL.

Ao mesmo tempo a direção nacional realizará atividades para fortalecer o partido no caminho da ação planejada até as eleições municipais de 2020, organizar o 15º Congresso ordinário que deverá se realizar entre agosto e novembro de 2021 e as atividades para o centenário do PCdoB em 2022.