Protesto de Lula, Alckmin e movimentos sociais contra o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos. Foto: Cezar Xavier

Representante do movimento negro convoca para ato de protesto em São Paulo e defende revisão da política antidrogas e o encarceramento em massa do povo negro.

O ex-presidente Lula (PT) se reuniu, nesta sexta-feira (27), em São Paulo, com lideranças de movimentos sociais. O evento foi marcado pela emoção de um protesto pela morte violenta de Genivaldo de Jesus Santos, na quarta-feira (25) um dos flagrantes mais chocantes de violência policial visto na televisão brasileira.

Após manifestações de lideranças sindicais, de mulheres, estudantis, indígenas, travestis, sem terra e sem teto, entre outros, representando o movimento negro, Simone Nascimento foi chamada para falar a Lula e Alckmin, quando foi acompanhada por outras lideranças se levantaram com um cartaz pedindo justiça para Genivaldo.

Ela disse a Lula que gostaria de falar que estava feliz, mas que sua fala representava o conjunto da população negra brasileira, em luto por Genivaldo. “Por trás daquela porta, em Umbaúba, o nosso povo está queimando pneus”, disse ela, referindo-se aos protestos que acontecem na cidade sergipana.

O homem negro e pobre de Umbaúba (SE), morreu asfixiado numa viatura da polícia rodoviária de Sergipe, quando foi preso num porta malas transformado numa câmara de gás.

Conforme as lideranças se levantavam, Lula e Alckmin também pegaram cartazes e se levantaram para um minuto de silêncio de homenagem.

Simone cobrou justiça e disse que há uma “barbárie em curso no país”. “Precisamos reagir à violência policial ou seremos mortos”, afirmou. Ela defende que há um projeto de genocídio em curso, “que ganha mais corpo de atuação mais espaço para violar nossos corpos no governo Bolsonaro”.

A líder do movimento negro ainda lembrou da chacina policial na Vila Cruzeiro, no Rio, que matou ao menos 26 pessoas e defendeu mudanças na política de segurança pública do país.

Ela ainda questionou se Lula está pronto para rever a política antidrogas no Brasil, assim como o encarceramento em massa do povo negro.

Simone ainda convocou a todos que na quarta-feira (1), sétimo dia da morte, participem de um ato de protesto, as 18h, no vão do Masp, na Avenida Paulista. Ela também disse que, em 6 de junho, haverá um grande encontro de pré-candidaturas de negros e negras em São Paulo.

Genivaldo tinha 38 anos e era casado com Maria Fabiana dos Santos há 17 anos. Juntos, os dois tinham um filho. Depois da morte do marido, Fabiana afirmou que os policiais agiram “para matar” e com “crueldade”. Ela também disse não saber o que dizer ao filho que acaba de ficar órfão de um pai inocente.

De acordo com os familiares, Genivaldo era querido por todos. Ela tinha esquizofrenia e tomava remédio controlado há cerca de 20 anos. Os remédios psiquiátricos, inclusive, foram encontrados pelos PRFs no bolso da vítima, antes de cometerem o assassinato.

Por Cezar Xavier

EDIÇÃO: Guiomar Prates