Encontro China-Indonésia estimula cooperação no sudeste asiático
O presidente da Indonésia Joko Widodo foi recepcionado em Pequim pelo presidente chinês Xi Jinping, numa visita que aprofunda os laços entre a China, a segunda maior economia do mundo, e a Indonésia, a maior economia da ASEAN, o bloco econômico do sudeste asiático, e o quarto mais populoso país do mundo. Widodo é o primeiro chefe de Estado que visita a China após os Jogos Olímpicos de Inverno. A Indonésia sediará em novembro a cúpula do G-20 e presidirá no próximo ano, em caráter rotativo, a Asean.
A confiança mútua estratégica China-Indonésia foi ainda mais consolidada, com a cooperação avançando com base em quatro pilares: cooperação política, econômica, interpessoal e marítima, afirmou Xi no encontro, na terça-feira (26). Pequim e Jakarta reafirmaram seu compromisso pela paz e estabilidade regionais e na promoção da unidade e cooperação internacionais. A China é o maior parceiro comercial da Indonésia há nove anos consecutivos.
“Os fatos provaram que uma relação sólida China-Indonésia não apenas atende aos interesses compartilhados de longo prazo de ambos os países, mas também tem impactos positivos e de longo alcance regional e globalmente”, disse Xi.
Por sua vez, o presidente Widodo disse que em um cenário internacional cheio de incertezas, a sólida cooperação entre a Indonésia e a China demonstrou o caráter estratégico das relações bilaterais e acrescenta energia positiva à região e ao mundo inteiro.
A China e a Indonésia precisam se unir em solidariedade, cumprir suas responsabilidades como principais países em desenvolvimento, seguir o verdadeiro multilateralismo, defender o regionalismo aberto e contribuir com a sabedoria oriental e a contribuição da Ásia para o desenvolvimento da governança global, enfatizou Xi.
A Indonésia trabalhará com a China para continuar aprofundando sua parceria estratégica abrangente e contribuir ainda mais para a paz regional e o desenvolvimento global, assinalou Widodo. A Indonésia – ele acrescentou – admira as realizações notáveis da China no alívio da pobreza e quer aproveitar a experiência bem-sucedida da China.
Indonésia no “Brics Plus”
Xi também saudou a participação da Indonésia no “Brics Plus” e em outros importantes fóruns do multilateralismo e cooperação ganha-ganha.
O presidente chinês pediu aos dois lados que aprofundem ainda mais a cooperação de alta qualidade do Cinturão e Rota para obter resultados mais frutíferos, se esforcem para concluir a ferrovia de alta velocidade Jacarta-Bandung dentro do cronograma e com altos padrões, continuem a apoiar totalmente a Indonésia na construção de um centro de produção de vacinas, intensificar a cooperação em saúde pública com a Indonésia e importar mais commodities e produtos agrícolas e subprodutos de qualidade do país do sudeste asiático.
De acordo com um comunicado conjunto divulgado após as negociações, os dois líderes saudaram a cooperação dos dois países no combate ao Covid-19 e as conquistas na recuperação econômica.
A Indonésia expressou sua expectativa de que o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China seja um sucesso total e conduzirá a China ao segundo objetivo do centenário de construir um grande país socialista moderno em todos os aspectos e, em contrapartida, Pequim manifestou seu apreço a que a Indonésia alcance seu objetivo de se tornar um país desenvolvido até 2045, ano do centenário de sua fundação.
Os dois chefes de Estado concordaram em definir a direção geral da construção de uma comunidade China-Indonésia com um futuro compartilhado, dar um exemplo de benefício mútuo, desenvolvimento comum e pioneirismo da cooperação Sul-Sul entre os principais países em desenvolvimento.
Na declaração conjunta, os dois líderes reconheceram conquistas mútuas e apontaram a direção futura da cooperação em comércio, segurança alimentar, economia digital, intercâmbio educacional, desenvolvimento de vacinas e projetos marítimos.
Nos últimos anos – como registrou o Global Times, a confiança política mútua entre os dois países atingiu “um novo patamar”. Xi e Widodo se falaram seis vezes por telefone desde o surto de COVID-19. O comércio entre os dois países “dobrou de menos de US$ 50 bilhões para mais de US$ 100 bilhões nos oito anos desde que Widodo assumiu o cargo em 2014”. Apesar do impacto da Covid-19, o volume de comércio bilateral entre a China e a Indonésia atingiu US$ 124,34 bilhões em 2021, um aumento de 58,4% em relação ao ano anterior. Ainda, a cooperação no projeto Cinturão e Rota está caminhando para um desenvolvimento sustentável e de maior qualidade, enquanto vêm progredindo os intercâmbios interpessoais e culturais.
Luo Yongkun, vice-diretor do Instituto de Estudos do Sudeste Asiático e da Oceania dos Institutos de Relações Internacionais Contemporâneas da China, disse ao GT que o mundo desenvolvido, principalmente os países ocidentais, está em uma mentalidade de contenção e confronto geopolítico, que traz apenas caos quando o mundo enfrenta desafios.
Ao contrário, os países em desenvolvimento, como China e Indonésia, estão enfrentando os problemas com uma perspectiva de “desenvolvimento, crescimento e multilateralismo”, injetando “mais positividade no mundo”.
Pequim também recebeu com satisfação o empenho da Indonésia e da ASEAN como um todo no assim chamado Panorama da ASEAN no Indo-Pacífico, que define uma posição de independência diante das grandes potências e primazia aos em seus próprios interesses.
Estrutura que prevê “a centralidade da ASEAN como o princípio subjacente para promover a cooperação na região do Indo-Pacífico e evitar o aprofundamento da desconfiança, erro de cálculo e padrões de comportamento baseados em um jogo de soma zero”.
Durante a visita, os dois países renovaram o memorando sobre cooperação na Iniciativa do Cinturão e Rota e no Global Maritime Fulcrum, e assinaram documentos de cooperação sobre pesquisa conjunta sobre vacinas e genes, desenvolvimento verde, intercâmbio de informações e aplicação da lei, capacitação em segurança cibernética, transporte marítimo, negócios e exportação de abacaxis indonésios para a China.
Analistas chineses enfatizaram que a diferença fundamental entre o modelo de cooperação entre a China e a Indonésia e outros membros da ASEAN e o modelo ocidental é que a China não exerce pressão política, mas apenas busca interesses comuns para realizar uma cooperação mutuamente benéfica, para que os membros da ASEAN sintam-se plenamente respeitados. Enquanto os EUA provocam confrontos em nome da cooperação, a China está promovendo seriamente o desenvolvimento integrado na região e no mundo, disseram eles.
Paz e estabilidade no mar do sul da China
Um dia antes da visita de Widodo, um Workshop sobre o 20º Aniversário da Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar da China Meridional foi realizada em Pequim na segunda-feira. Autoridades da China e membros da ASEAN
saudaram o DOC como um importante documento de referência que desempenhou um papel importante na manutenção da paz e da estabilidade no Mar da China Meridional nos últimos 20 anos.
Hong Liang, diretor-geral do Departamento de Fronteiras e Assuntos Oceânicos do Ministério das Relações Exteriores da China disse ao GT que, diante dos desafios externos, a China e os membros da ASEAN têm um importante consenso “de que o destino da paz e da estabilidade no Mar do Sul da China deve ser firmemente mantido em suas próprias mãos. Somente quando o Mar da China Meridional permanecer pacífico e estável, os países da região poderão desfrutar de um ambiente saudável para o desenvolvimento, e é disso que trata o DOC”.