O Ever Given encalhou na noite de terça-feira (23), durante uma tempestade de areia.

A autoridade egípcia do Canal do Suez (SCA) anunciou na quinta-feira (25/3), que o tráfego marítimo está “temporariamente suspenso” até que o gigantesco navio cargueiro Ever Given seja desencalhado da via que é uma das rotas comerciais mais movimentadas do planeta.

Com toda a navegação entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho bloqueada nas duas direções, os preços do petróleo nos mercados mundiais dispararam devido aos atrasos nas entregas.

Vários rebocadores e uma draga tentam liberar o gigante dos mares desde quarta-feira pela manhã. Quase 10% do comércio marítimo internacional passa pelo canal, segundo os especialistas.

Aproximadamente 30 embarcações estão paradas na área de espera no centro do canal, enquanto outras 40 esperam no Mediterrâneo e 30 no Golfo de Suez, no Mar Vermelho, segundo o provedor de serviços Leth Agencies. No total, cerca de 300 navios estão afetados.

O Ever Given encalhou na noite de terça-feira, durante uma tempestade de areia. O navio, de 400 metros de comprimento, 220.000 toneladas e capacidade de mais de 20.000 contêineres, desviou de sua rota em meio a fortes rajadas de areia que afetaram o Egito e partes do Oriente Médio.

Segundo a Bernhard Schulte Shipmanagement, encarregada da gestão técnica do navio, os 25 membros da tripulação estão a salvo e não houve poluição da via marítima ou danos na carga do navio.

Analistas advertiram que se os rebocadores não conseguirem retirar o navio, a alternativa seria a retirada dos contêineres com guindaste para tornar a embarcação mais leve, o que poderia “levar dias ou até semanas”. O Ever Given havia partido do porto chinês de Yantian com destino a Rotterdam, na Holanda.

Inaugurado em 1869, o canal reduziu drasticamente as distâncias entre a Ásia e a Europa: 6.000 km a menos entre Singapura e Rotterdam, por exemplo. Desde então, o canal sofreu várias ampliações e modernizações para se adequar à evolução do comércio marítimo.

O incidente “aconteceu principalmente devido à falta de visibilidade pelas condições climáticas, enquanto os ventos alcançaram 40 nós, o que afetou o controle do navio”, explicou, na quarta-feira a autoridade egípcia, em nota.

A empresa proprietária do navio, a japonesa Shoei Kisen Kaisha, explicou na quinta que é “extremadamente difícil” fazer o navio voltar. “Não sabemos quanto tempo vai levar” para retirar o navio, disse à AFP Toshiaki Fujiwara, funcionário da Shoei Kisen Kaisha.

Como registrou o portal Moon of Alabama, os enormes portas-contêiner da atualidade são difíceis de manobrar e, dada a altura da carga, a menor rajada de vento pode afetar o deslocamento da embarcação, a menos que a tripulação esteja extremamente atenta e use imediatamente os propulsores de proa e traseiros no caso de rajadas de vento.

Para complicar, a água se move de maneira diferente ao redor de um barco em um canal estreito do que no oceano aberto. Quando a água é comprimida entre o casco e a areia, a água acelera e sua pressão cai. Quando o casco chega muito perto da margem, a queda de pressão suga o casco para a margem. Isso é chamado de “efeito banco”.

Em águas rasas, como no Suez, a popa se move em direção à margem, mas a proa se afasta. O barco gira. Quanto maior o casco, quanto mais água ele desloca, mais forte é o efeito. Quanto mais próximo o casco estiver da margem, mais forte será o efeito. Como mostram as fotos, direto do Suez.