Um relatório da Polícia Federal da operação Akuanduba registra que a madeireira Tradelink, investigada por exportar madeira ilegal, usou a estrutura do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), subordinado ao Ministério do Meio Ambiente, para fazer ligações para autoridades europeias.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é investigado na Operação por ter atuado para facilitar a exportação de madeira ilegal. O relatório da PF diz haver “fortes indícios” de que Salles cometeu crimes.

A Tradelink exportou ilegalmente para os Estados Unidos, Bélgica e Dinamarca mais de 150 mil m³ de ipê e jatobá da Amazônia.

Segundo o relatório da PF, a empresa usou a estrutura da superintendência do Ibama no Pará para ligar para autoridades da Bélgica e da Dinamarca. As ligações foram “realizadas por intermédio de terminais telefônicos da superintendência do Ibama no Pará”, diz o documento.

As ligações foram realizadas enquanto as autoridades europeias faziam ações de apreensão da madeira ilegal, indicando, no mínimo, a tentativa de irregularidades e corrupção por parte da Tradelink Madeiras.

A Polícia Federal  foi contatada pela FWS (correspondente ao Ibama nos EUA), que tomou conhecimento das ligações a partir de informações trocadas com funcionários de órgãos europeus.

Um representante internacional da Tradelink chegou a afirmar, em “entrevista consensual” à FWS, que a empresa colocou um funcionário dentro do Ibama para tentar liberar a madeira que estava apreendida no exterior.

O material do inquérito foi tornado público pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, na quarta-feira (26).

Em uma representação, a PF diz haver “fortes indícios” de envolvimento de Ricardo Salles em irregularidades e apontou operações financeiras “suspeitas” do ministro do Meio Ambiente.

A PF também tem provas suficientes para afirmar que Eduardo Bim, presidente afastado do Ibama, cometeu os crimes de facilitação ao contrabando e advocacia administrativa.