Embraer anuncia plano de demissões e sindicatos rebatem

A Embraer vai abrir um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para os trabalhadores que estão em férias coletivas. Sem divulgar o número de funcionários que o plano vai afetar, a empresa fez o comunicado ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos em reunião na quinta-feira (2).
A reunião terminou sem acordo e uma nova reunião foi marcada para esta sexta-feira, às 18 h.
Segundo a empresa, a medida vai se estender a todas as unidades da Embraer, que emprega 16 mil pessoas, em São José dos Campos, Taubaté, Campinas, Sorocaba, Gavião Peixoto, Botucatu, Belo Horizonte e Florianópolis, e que o foco do PDV será nos setores de engenharia e produção.
A direção da Embraer justifica a medida à crise financeira causada pela pandemia do coronavírus e alega que apesar de ter tentado conter o impacto financeiro com férias coletivas, lay-off e redução de jornada, as iniciativas não forem suficientes.
Para o diretor do sindicato, Herbert Claros, “a proposta que a empresa quer oferecer não é de PDV. Essa é uma proposta de demissão com indenização”, disse.
O sindicato acusa a empresa de querer “jogar nas costas dos trabalhadores uma crise gerada por ela mesma”, com a tentativa fracassada de venda para a Boeing, que só no ano passado gerou um prejuízo à empresa de, “pelo menos, R$ 485 milhões” na negociação que acabou não se concretizando.
“Além disso, é desumano fazer demissões em meio à pandemia e a uma explosão no nível de desemprego pelo qual passa o país. O Sindicato vai se manter em defesa dos trabalhadores, como sempre fez”, disse Herbert.
“A gente disse que a proposta não era boa e que falar de demissão agora é um absurdo. Eles receberam ajuda do governo e a empresa vai receber ajuda do BNDES. Nós somos contra” disse o sindicalista, que representou os trabalhadores da empresa na reunião.
O Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo divulgou nota sobre o PDV, afirmando que “especialmente neste momento, é totalmente contrária às demissões”.
Para o sindicato, que não foi informado oficialmente sobre a medida, “o que está sendo chamado de PDV pela Embraer, na verdade, é um indicativo de demissão em massa pura e simplesmente, o que é inaceitável”.
“Sabemos da importância desta empresa para a economia e a tecnologia nacionais e estamos abertos a dialogar e negociar condições para a manutenção dos empregos dos engenheiros. Mas dar aval ao desligamento de profissionais está fora de cogitação”, diz a nota do Sindicato dos Engenheiros.
O pacote de incentivos para a adesão dos trabalhadores ao PDV inclui, entre outros adicionais, indenização referente ao período de estabilidade no emprego que se encerra em 20 de agosto; indenização adicional de 10% sobre o salário nominal por ano trabalhado; plano médico por seis meses e auxílio-alimentação por seis meses (valor de R$ 450).
Para o Sindicato dos metalúrgicos, esse pacote “é insuficiente e está muito longe de atender às necessidades dos trabalhadores que vierem a perder seus empregos”.