Embaixador dos EUA em Moscou volta a Washington para ‘consultas’
O embaixador dos EUA na Rússia, John Sullivan, deve voltar aos Estados Unidos nesta semana, decisão tomada após sugestão do chanceler russo Sergei Lavrov de que ele deveria retornar a Washington “para consultas sérias e completas”.
Sullivan teria aceitado a sugestão com certa relutância, segundo o portal norte-americano Axios, que garantiu que ele “queria” ficar em Moscou e “não iria” a menos que fosse expulso. Agora, parece que ele seguiu o ‘conselho’ e retornará aos EUA esta semana.
“Acredito ser importante para mim falar diretamente com meus novos colegas no governo Biden em Washington sobre o atual estado das relações bilaterais entre os Estados Unidos e a Rússia”, disse um comunicado oficial do embaixador na terça-feira (20). “Além disso, não vejo minha família há mais de um ano, e esse é outro motivo importante para eu voltar para casa para uma visita.”
Ele observou ainda que retornaria a Moscou “nas próximas semanas”, antes de qualquer cúpula potencial entre o presidente dos EUA Joe Biden e seu homólogo russo Vladimir Putin.
O Kremlin convocou seu próprio embaixador, Anatoly Antonov, de volta à capital russa no mês passado, após o episódio da ofensa gratuita do presidente Joe Biden ao presidente Putin, dizendo concordar com o entrevistador de que o líder russo era “assassino”.
Ofensa respondida de forma demolidora por Putin, que observou que se tratava do mecanismo psíquico de projeção: “quando avaliamos outras pessoas, quando avaliamos outros Estados, outros povos, estamos sempre nos olhando no espelho. Sempre nos vemos lá”. Ele lembrou ainda que a classe governante americana foi formada na época da conquista do continente pelos europeus, “o que estava ligado à eliminação da população local, tratava-se de genocídio direto das tribos indígenas”.
A sugestão a Sullivan foi dada após Biden decretar novas sanções contra a Rússia e a expulsão de dez diplomatas russos no dia seguinte de ligar para Putin pedindo a realização de uma “cúpula em um terceiro país” e asseverando desejar “relações estáveis” entre os dois países.
O que alguns analistas ironizaram, dizendo que Biden anda encenando ser o “policial bom” num dia e o “policial mau” no dia seguinte, quando se trata de relações com a Rússia.
Exercendo o princípio diplomático da reciprocidade, Moscou mandou embora dez diplomatas norte-americanos e proibiu a entrada no país de oito altas autoridades norte-americanas.
Sullivan é o embaixador norte-americano na Rússia desde o final de 2019, tendo sido nomeado pelo então presidente Donald Trump. Após a posse de Biden, ele foi convidado a permanecer indefinidamente no cargo.