Conferência de Porto Alegre. Foto: Divulgação

A pouco menos de um mês da etapa nacional do 16º Congresso do PCdoB, comitês municipais e estaduais de todo país entram na reta final para reunir sua militância e debater os temas em pauta, renovar suas direções e fortalecer o coletivo partidário para as lutas que estão colocadas para o próximo período.

Em Porto Alegre, o PCdoB elegeu, em conferência realizada no dia 12, um jovem dirigente, originário do movimento estudantil e comprometido com a transformação da cidade em sintonia com o que o povo mais necessita e com a formação de uma frente ampla visando tanto a disputa estadual quanto a nacional em 2026.

Trata-se de Aiton Silva, de 30 anos, que atuou como co-vereador no movimento coletivo que tem à frente o vereador Giovani Culau. “Estou muito honrado em assumir a presidência do PCdoB de Porto Alegre. Nosso compromisso, no próximo período, é disputar o projeto de cidade que queremos para Porto Alegre e, ao mesmo tempo, construir uma frente ampla que contribua para a vitória do campo progressista no Rio Grande do Sul e no Brasil”, declarou.

A Conferência Municipal, realizada no plenário principal da Câmara de Vereadores da capital gaúcha, reuniu 30 bases territoriais, de trabalhadores e de locais de estudos. Ao todo, cerca de mil pessoas foram mobilizadas em toda a cidade.

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Na avaliação do vereador Erick Dênil, “a Conferência Municipal foi um momento muito importante de encontro de toda a militância do partido que quer se organizar cada vez mais para defender o fim da escala 6×1, a taxação das grandes fortunas, a redução dos juros e também varrer a extrema direita, que tem atentado contra a nossa democracia, contra as nossas liberdades e tem pregado um discurso de ódio. Então é um momento muito importante de reorganização partidária que renova nossas energias e esperanças para as próximas batalhas que virão, principalmente nas eleições de 2026”.

Desafios

Airton Garcia. Foto: reprodução/redes sociais

Com dois mandatos consecutivos do prefeito Sebastião Melo (MDB), aliado de Jair Bolsonaro, além do mandato de Nelson Marchezan Jr. (PSDB), de 2017 e 2020, Porto Alegre entrou em um profundo ciclo de decadência, que atinge especialmente os serviços públicos, boa parte dos quais foi sucateada ou entregue à iniciativa privada, deixando especialmente a população da periferia ainda mais desassistida.

Com a enchente de 2024, a situação piorou e ainda hoje a prefeitura não resolveu problemas do sistema de proteção contra inundações e de bairros atingidos, como Sarandi e a região das lhas.

Ao mesmo tempo, no caso do estado, são dois mandatos seguidos de Eduardo Leite (PSD), que veio após José Ivo Satori (MDB). Ambos seguiram a mesma cartilha neoliberal, de desmonte dos serviços, venda do patrimônio público e pouco apreço à questão ambiental. A tragédia do ano passado também desnudou as vulnerabilidades do estado após onze anos de governos de direita.

Agora, conforme as mais recentes pesquisas, nomes da esquerda como os de Edegar Pretto (PT), presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), e da ex-deputada estadual Juliana Brizola (PDT) despontam na preferência do eleitorado, mostrando que é possível eleger um governante do campo democrático, desde que apoiado em uma frente ampla que fortaleça a candidatura, o que também ajudará na disputa nacional.

É neste cenário, equilibrando esse conjunto de demandas, que tem atuado o PCdoB no Rio Grande dos Sul, na capital gaúcha e em outros municípios. Na conferência estadual realizada no dia 13, uma demonstração importante desse diálogo foi dada com a presença de nomes destacados da política local, entre os quais o ex-prefeito José Fortunati (PV), a deputada estadual Sofia Cavedon (PT), o vereador Márcio Bins Ely (PDT) e o dirigente sindical Vicente Selistre (PSB).

“A direção eleita em Porto Alegre terá a tarefa de enfrentar a batalha da eleição de 2026, construir a reeleição de Lula e a unidade entre as forças de esquerda e centro-esquerda incluindo, de maneira inédita, o trabalhismo gaúcho, para derrotar a extrema direita nas disputas ao Senado e ao Governo do Estado”, explica o vereador de Porto Alegre, Giovani Culau.

No caso de Porto Alegre, ponderou, “esse será um período de defesa da água pública e do Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos) e também dedicado a enfrentar o Plano Diretor. E é tarefa comunista se posicionar contra os donos da cidade e por um plano socioambientalmente comprometido”.

Para dar conta de todos esses desafios, conclui o vereador, “precisamos de um PCdoB cada vez mais atuante e forte, conectado com as lutas populares e os movimentos sociais”.