Em Niterói, apenas uma das 21 cadeiras da Câmara é ocupada por uma mulher
Com o objetivo de fortalecer a representatividade feminina na política e estimular a participação em espaços de decisão, a “Caravana Mulheres pelo Brasil – Por um país com equidade e mais mulheres na política” deu início à sua jornada em Niterói, na última quinta-feira (23). Ao longo do dia, diversas atividades culturais foram realizadas e uma roda de conversa com convidadas, entre elas: a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Jô Moraes, representando o Fórum Nacional Permanente sobre a Emancipação das Mulheres (FNPEM), e Walkíria Nictheroy, ativista de Direitos Humanos, professora antirracista e vereadora suplente da cidade.
Durante a roda de conversa, que teve como tema “Virando a Mesa do Poder: Eleger mulheres progressistas para a construção de cidades mais humanas”, as participantes debateram métodos e estratégias de impulsionamento para que as mulheres ocupem os espaços de decisão, diante das necessidades urgentes do público feminino em pautar as políticas públicas, sob um viés da realidade das mulheres brasileiras.
Jandira Feghali falou sobre a necessidade de estabelecer formas de reconhecimento e apoio às mulheres dentro de um projeto emancipatório: “Nós sabemos que quando falta a democracia, quando falta emprego, renda, moradia, creche, quando falta tudo isso, são as mulheres que sofrem primeiro. Existe uma opressão de gênero histórica, cultural e econômica estabelecida, inclusive na divisão do trabalho, onde a mulher não é reconhecida e nem valorizada profissionalmente. A economia do cuidado, por exemplo, recai sobre as mulheres. Elas que cuidam dos filhos, do marido, do tio, do pai, do parente, da pessoa com deficiência. Quem leva para o posto de saúde e faz tudo isso? A mulher. Mas, se a gente pergunta quem cuida dela, não tem resposta, e esse cuidado é invisibilizado enquanto trabalho.”
A parlamentar destacou ainda que, “Nós começamos a tramitar projetos na Câmara dos Deputados para estabelecer uma aposentadoria para as mães. Essas mulheres, no geral, não conseguem trabalhar fora e, na maioria dos casos, não conseguem contribuir com a previdência, ficando sem uma aposentadoria. Por isso, temos que discutir creche, trabalho qualificado, trabalho com direitos, acesso à saúde e tudo mais. Hoje, no Congresso, nós somos 15% apenas. Por que nós não somos 52%? Que é o número de mulheres votantes?”, indagou a deputada.
A ativista niteroiense Walkíria Nictheroy destacou a necessidade de desenvolver e implementar políticas públicas voltadas para a equidade e garantia de direitos:
“Essa caravana é uma resposta das mulheres que vão disputar e construir políticas públicas nos próximos anos. Em Niterói, temos uma cidade que tem sua maioria formada por mulheres (54,19%), diante de 45,81% de homens. Mas, na representatividade política da cidade, na Câmara de Vereadores, por exemplo, apenas 1 das 21 cadeiras é ocupada por uma mulher. Essa desigualdade precisa ser combatida para que possamos avançar com as políticas de promoção de igualdade, antirracista e de proteção às mulheres”, enfatizou.
Para Jô Moraes, mobilizações como a Caravana estimulam debates necessários e colaboram para uma verdadeira transformação social a partir da atuação das mulheres: “Essa Caravana tem o sentido de levantarmos nossas bandeiras. Simbolicamente, unidas, estamos acenando para toda a sociedade, mandando uma mensagem de que vamos conquistar esses espaços e garantir nossos direitos. Precisamos de mais mulheres no poder e virando a mesa. Este é o grande aprendizado e desafio para todas nós”, destacou a liderança feminista.
Em auditório lotado da UFF – Gragoatá, estiveram presentes também: Natália Cindra, presidenta do Partido Comunista do Brasil de Niterói; Enfermeira Rejane, ex-Deputada Estadual PCdoB-RJ, Daniel Iliescu, presidente do PCdoB-RJ e Kátia Branco, Secretária de Mulheres PCdoB- RJ. A Caravana seguirá agora para outras cinco cidades distribuídas entre Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco.