A produção industrial do país tombou -9,1% em março sobre fevereiro, informou hoje (5) o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do pior resultado para o mês
desde o início da série histórica em 2002 e, também, a maior queda geral desde maio de 2018,
quando a produção arrefeceu 11% em razão da greve dos caminhoneiros.
O resultado de março – pior do que as previsões do mercado – reflete, em parte, as medidas
necessárias para contenção da pandemia do novo coronavírus a partir da segunda quinzena do
mês, como a quarentena e o fechamento de serviços não essenciais. “O que a gente observa é
que houve uma força maior das consequências do isolamento social no final do mês, com um
número maior de plantas industriais concedendo férias coletivas e interrompendo a sua
produção”, afirmou o pesquisador André Macedo, do IBGE.
As previsões para os meses sequentes – nos quais a pandemia se tornou uma grave
emergência no país – são de queda ainda mais acentuada, contribuindo para o já esperado
cenário de depressão da economia em 2020. “Pelo que a gente observa, você tem uma
continuidade desse movimento de queda para o mês de abril e meses seguintes. Aquela queda
da greve dos caminhoneiros foi reposta logo no mês seguinte, em junho, algo que a gente não
vai conseguir observar pelo mês de abril”, avaliou Macedo.
Mas a queda na produção física de março, que sobre o mesmo mês do ano passado foi de –
3,8%, é também reflexo de uma economia já doente. Em 2019, o acumulado de perdas do
setor produtivo foi responsável por uma queda de -1,1% no ano. Por isso, é de se esperar que
o setor produtivo não tenha saúde suficiente para encarar a crise. Empresas quebrando e
demitindo em massa já são uma realidade nesses 50 dias de calamidade, sem que o governo
tenha dado respostas efetivas de socorro – como outros países do mundo fizeram.