Um dia para debater política; democracia, resistência ao golpe; liberdade para brasileiros e brasileiras e para o ex-presidente Lula (PT), além de sonhar com um futuro melhor para o país. Foi com o sentimento de esperança renovada e confiança no Brasil que os cearenses acolheram, nesta sexta-feira (18), a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela d’Ávila.

Numa agenda concorrida e variada, Manuela dialogou com universitários, crianças e jovens da periferia de Fortaleza, com a mídia local, representantes dos movimentos sociais, parlamentares do PCdoB e de partidos aliados, e com a militância que, com carinho e apoio, reforçaram o compromisso de defender o país e resistir!

“Continuo acreditando que o Brasil é extraordinário”

Sua jornada na “terra do sol”, como fez questão de ressaltar, começou ainda pela manhã, com um debate realizado pelo Diretório Central dos Estudantes Gábio de Oliveira (DCE da Unifor). A série de debates entitulado “II FRENTE – Será que todos acreditam no futuro da nação?” debateu com os universitários o cenário político nacional.

Com auditório lotado para ouvir suas propostas sobre o “Futuro da nação: O papel da universidade no país que queremos”, Manuela ratificou o protagonismo da juventude. Com trajetória forjada nos movimento estudantil, ela considera que todos e cada um, individualmente, são peças importantes para construir um Brasil melhor. “O país não pode se desenvolver sem paz. E continuamos executando quarenta mil negros e negras por ano, onde os policiais mais morrem e matam. Quem está morrendo nessa guerra é o povo, é o trabalhador, o pai de família, nossos jovens, nós! Sou pré-candidata à Presidência da República porque continuo acreditando que o Brasil é extraordinário, mas temos urgência em diminuir a desigualdade. E vocês são insubstituíveis nessa jornada. Vocês têm que ser os nossos parceiros na construção desse Brasil”, ratificou.

Brasil de oportunidade

No período da tarde, a pré-candidata foi até o Bom Jardim. Conhecido bairro da periferia de Fortaleza, a região abriga quase 220 mil pessoas. Lá, Manuela conheceu um projeto social que acolhe 550 jovens e crianças e oferece aulas de dança no contra-turno escolar. Mais que uma escola de dança, o Instituto Katiana Pena é uma célula de cidadania entre ruas e becos de uma área degradada da cidade.

Manuela estava encantada com a iniciativa. Numa grande roda, sentada no chão, pode dialogar com uma geração de onde ela conhece a realidade. “Tenho rodado o Brasil e cada vez que conheço lugares e pessoas como esses, penso que existe jeito para nosso país. Há esperança no olhar de cada um e sei que vamos construir o Brasil que dá certo. Não consigo pensar no nosso país se ele não for pensado para incluir toda a juventude. Vim ouvi-los e certamente aprender mais do que falar. Há um sentimento que nos une que é o de igualdade, dignidade a todos e defesa da justiça social”.

Fundadora da instituição, Katiana Pena falou sobre os desafios de manterem a organização social, a responsabilidade de descobrir talentos e de ajudar a transformar vidas e a realidade de muitas famílias, além de alimentar o sonho de conseguir atender ainda mais pessoas que os procuram. “Eu fui uma criança que ia para a escola em busca de comida. Aqui, garantimos também a comida, mas não nos falta o sentimento de transformar a realidade que nos cerca. Quero que nosso trabalho reverbere e ultrapasse a dança e as atividades que oferecemos aqui. Queremos mostrar a verdadeira cidadania e a necessidade de o poder público olhar para a periferia afinal, a rua somos nós”.

Apoio a “Manu”

À noite o auditório Murilo Aguiar, na Assembleia Legislativa do Ceará, também ficou lotado. Eram militantes, amigos, apoiadores, representantes das mais diversas frentes dos movimentos sociais, parlamentares do PCdoB e de partidos aliados, juventude, homens e mulheres para ouvir as propostas da pré-candidata do PCdoB e ratificar apoio às suas ideias.

Dentre apresentações de hip-hop, homenagens, vídeos com depoimentos de apoio e intervenções, a admiração pela “Manu”, carinhosamente chamada por todos, estava estampada no rosto de cada um. “Vê-la ao lado de Lula e Boulos, unidos pela democracia, foi das cenas mais emocionantes que vi nos últimos tempos. Isso me encheu de esperança”, declarou a atriz Joana Lima Verde. “Saber de toda sua história, desde a UJS, UNE, eleita vereadora, deputada estadual e federal é nosso maior exemplo de que nós, jovens, temos esperança e coragem e podemos sim ter atuação de destaque na política”, ressaltou Victoria Kloé, diretora da UNE.

“O sentimento de juventude está em todos nos enquanto estivermos na luta. Manuela representa a força da classe trabalhadora, a resistência da mulher e o ímpeto da juventude”, enalteceu Luciano Simplício, presidente estadual da CTB-CE. Já a professora Helena Serra Azul, diretora do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc), disse estar emocionada de ver uma candidata como Manuela na disputa. “Ela qualifica o debate por sua capacidade, inteligência, formação, força e juventude. Tem que ter coragem para enfrentar esta corja que insiste em assaltar nosso país”, considera.

Brasil de liberdade

Ao brado de “olê, olê, olé, olá! Manuela”, a pré-candidata do PCdoB foi aclamada pelo público presente no auditório. Em sua intervenção, ela agradeceu a acolhida e destacou a alegria de voltar ao Ceará e, desta vez, poder lançar, no estado, seu Manifesto pela “Liberdade para o Brasil, para Lula e para as Brasileiras e Brasileiros”.

“É uma alegria estarmos juntos para lançarmos aqui este documento que foi construído a partir da ideia central de que o país precisa de liberdade. O Brasil vive sob o golpe diário, que já ultrapassou o impeachment da ex-presidenta Dilma, afastada sem ter cometido crime de responsabilidade. O golpe se materializa desde lá, no programa eleito por mais de 54 milhões de votos roubado por sua quadrilha; na aprovação da reforma trabalhista; na tentativa de venda da Eletrobras; na entrega dos ativos do pré-sal; no ativismo judicial e no esforço de manter Lula preso. Nossa ideia é de que o Brasil merece ser livre para se realizar enquanto nação, atendendo os interesses do povo, que as pessoas pautem a política. Este é o nosso projeto nacional de desenvolvimento: trabalhar para o povo, ouvi-lo; atendê-lo, termos o direito de sermos livres para construímos nosso futuro porque acreditamos nesse país”, ratifica Manuela.

A pré-candidata considera que é preciso pensar nas mulheres que trabalham cerca de oito horas por semana a mais que os homens, nos trabalhadores que estão vendo seus direitos garantidos pela CLT serem usurpados, no desemprego que amedronta os jovens e até nas famílias que já não suportam o peso financeiro do aumento do valor do gás e voltaram a usar o fogão à lenha. “Não dá pra pensar em crescimento do Brasil com desigualdade. Só iremos ser verdadeiramente desenvolvidos se pensarmos nas mulheres, nos jovens, nos negros e trabalhadores. Não existe país desenvolvido quando mais de 40 mil jovens são mortos por ano; não haverá crescimento enquanto tivermos a polícia que mais mata e mais morre; não existirá país desenvolvido sem paz. Precisamos ser livres para encontrar caminhos para enfrentar os nossos problemas e o Brasil precisa de todos nos para sair dessa crise”, defende.

Aliança pelo Brasil

Para Manuela D’Ávila, a “tarefa número um” de todos é garantir a eleição de um projeto que volte a ter o povo como prioridade, uma unidade que enfrente o golpe e que entenda que a liberdade do ex-presidente Lula não é uma “questão eleitoral”. “Quem pensa assim não compreende que é uma ameaça à democracia quando a justiça tanta ocupar o lugar do voto popular. Lamento quando a maior liderança política do país está presa e esta seja uma bandeira só da esquerda. Nós queremos que Lula tenha o direito de concorrer às eleições, por respeito à constituição e em nome da democracia”, ratifica.

Manuela faz questão de reforçar que defender candidaturas com afinidades faz parte da democracia. “A luta nos reúne sempre. Estamos num momento de grande resistência no campo político e esta eleição será, como nunca, uma disputa polarizada, programática, de projetos antagônicos, marcada pela diferença entre um conjunto de forças conservadoras contra as forças comprometidas com o país e seu povo. Cito aqui as pré-candidaturas de Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (Psol). Temos nossas diferenças mas somos pautados no diálogo. Não somos adversários, somos oponentes. Não somos inimigos, pois eles estão do outro lado e quem dissemina esta idéia faz o jogo deles”.

A pré-candidata do PCdoB destacou algumas lideranças políticas do Ceará, como o governador Camilo Santana (PT), o senador José Pimentel (PT) – que esteve presente no debate – Ciro e Cid Gomes (ambos do PDT), que também têm construído, com diálogo e respeito mútuo, um programa em comum. “O PCdoB nunca foi e nem nunca será obstáculo do nosso campo político. Estamos certos de que a nossa principal batalha é vencer as eleições e barrar o projeto que representa a destruição dos direitos do povo brasileiro. Nossas candidaturas dialogam com o povo. Sou a pré-candidata dos que acreditam na liberdade do Brasil e na volta de dias melhores para o nosso povo. Foi por esse sonho que entreguei minha vida e minha militância para o PCdoB e para o Brasil”.

Mais

Durante o encontro foi apresentada a chapa de pré-candidatos a deputados estaduais e federais pelo PCdoB. “Estes camaradas representam a resistência e a luta em defesa da pátria, da democracia e dos diretos sociais do povo brasileiro. Não conseguiremos transformar o Brasil sozinhos. É preciso muita gente boa junta, que acredite num futuro melhor e que reforce esta unidade que deverá se fortalecer para construir um país mais desenvolvido, soberano e democrático”, disse Luis Carlos Paes, presidente estadual do PCdoB-CE.