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Na noite desta quinta-feira (1º/10), durante debate promovido pela TV Bandeirantes com os candidatos à prefeitura de Porto Alegre, a candidata do PCdoB, Manuela d’Ávila, apresentou suas propostas para uma cidade justa, democrática, solidária e participativa. Demonstrando conhecimento sobre a realidade local e apontando novas perspectivas para a capital gaúcha, Manuela se destacou diante de ex-gestores e gestores que não responderam às necessidades do município e de candidatos claramente despreparados para assumir o Paço Municipal.

Logo no início dos debates, Manuela apontou: “Porto Alegre precisa fazer sua própria gestão para conseguir a vacina. Precisamos negociar a vacinação com os laboratórios que estão produzindo. Precisamos também de um plano de recuperação do ano letivo, dialogando com a comunidade escolar, com mães, pais, professoras, trabalhadores e trabalhadoras da educação”.

Além disso, a candidata destacou a necessidade urgente de desenvolver um projeto para gerar emprego e renda, de maneira a superar a crise na cidade. “Eu acredito na política de microcrédito e acredito também que as compras públicas podem cumprir esse papel”. E completou: “Não podemos voltar a conviver com a fome. Nós temos o chamado Fome Zero Municipal, para garantir que nenhuma criança, nenhuma mulher e nenhum homem passe fome em pleno 2021”.

Participação popular

Ao tratar do Plano Diretor da cidade, Manuela criticou o formato adotado pela atual gestão tucana de Nelson Marchezan Jr., apontando a interrupção do debate e o despacho projeto a projeto como aspectos que afastaram a participação da população no processo de construção e que fragmentaram a visão sobre a cidade. “Eu defendo que nós precisamos debater o Plano Diretor com a sociedade, com Porto Alegre, imaginarmos juntos uma cidade. Nesta semana, tive a oportunidade de me reunir com órgãos que representam arquitetos e urbanistas e sei a preocupação que aqueles que debatem a cidade permanentemente têm com a sua desintegração, com essa visão que constrói um bairro inteiro e que não prevê que aquele lugar tenha transporte, creche, posto de saúde. Portanto, é preciso reintegrar o debate da cidade”

A candidata defendeu a construção de um governo de participação e colaboração e que trabalhe permanentemente em consonância com as necessidades da população. “Não dá mais para ter governo que trabalha só na época da eleição. A cidade fica abandonada quatro anos e durante três meses colocam as máquinas e constroem uma cidade para mostrar na propaganda”, disse, em alusão à atual gestão do PSDB. “Eu quero ser prefeita durante quatro anos. E vou trabalhar de forma participativa, com o Orçamento Participativo (OP), escutando e chamando as pessoas para governarem junto comigo”.

Ao falar do OP, destaque da gestão democrática de Porto Alegre de outros tempos, Manuela propôs sua retomada “com toda a força, com a mobilização social, com a prefeita estando presente, ouvindo o que as pessoas têm a dizer, com o povo decidindo como quer investir o orçamento, refletindo sobre a realidade da cidade, construindo as respostas junto com a administração. Em todas as comunidades que eu vou, entre as trabalhadoras e trabalhadores da educação, da saúde, o que mais escuto é ‘nós queremos diálogo, queremos ser ouvidos'”.

Manuela também falou sobre a importância da transparência na gestão pública. “A Prefeitura precisa ser transparente na sua ação. Porto Alegre é a 22ª cidade no ranking da transparência. Isso não é possível. A participação e a transparência são os pilares de qualquer administração moderna. E precisamos avançar”. A candidata destacou que em cidades que visitou, em outros países, “o avanço é o governo colaborativo, ou seja, além do povo dizer o que quer, o povo ajudar a realizar, a concretizar as políticas públicas. Acredito na participação, na colaboração, no diálogo e na transparência”.

Déficit social

Com relação às condições socioeconômicas e da saúde pública de Porto Alegre, Manuela declarou: “O déficit social da prefeitura com o nosso povo é tremendo. Em primeiro lugar porque se governou só durante três meses. [A atual gestão] não escutou ninguém, não escutou trabalhadores da educação para debater a volta às aulas, não se reuniu com a turma do Imesf para pensar uma alternativa, como por exemplo, a criação da empresa pública que garanta a continuidade do atendimento e não o fechamento dos postos”, disse, com relação à extinção do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família, devido a decisão do STF que o considerou inconstitucional.

Ainda sobre o Instituto, Manuela destacou: “Na pandemia, nós tivemos a demissão de mais de 1.200 trabalhadoras e trabalhadores do Imesf. No mundo inteiro, o povo ia para a janela bater palmas para os profissionais da saúde e aqui, o prefeito cortou o vale-alimentação dessas mulheres e homens que estão salvando a vida dos porto-alegrenses. Eu teria lutado para transformar o Imesf numa empresa pública e garantir a continuidade, a territorialidade e a gestão pública da saúde pública de nossa cidade”.

Dirigindo-se diretamente ao prefeito, Manuela falou ainda sobre a política de saneamento e acesso à água e o desmonte do Departamento Municipal de Águas e Esgoto (Dmae) nos últimos anos. “Trabalharemos para que o Dmae consiga cumprir a sua função. Nós não defendemos esse modelo que o senhor defende de extinção, de privatização, de venda do Dmae. Nós queremos que o dinheiro do Dmae seja utilizado para garantir que as mulheres e os homens trabalhadores da nossa cidade, da Lomba do Pinheiro, da Bom Jesus, do extremo sul, abram a torneira no verão e tenham água”, disse, em referência a bairros da periferia da cidade que há anos sofrem com a falta d’água, especialmente na estação mais quente do ano.

Com relação ao transporte, a candidata defendeu: “quero retomar a gestão pública do transporte público trazendo novamente, como manda a lei, a Câmara de Compensação Tarifária para a administração municipal. Porto Alegre não precisa escolher entre ex-prefeito e ex-vice-prefeito que fizeram a licitação mal feita e aqueles que negociaram com as empresas entregando o galinheiro para as raposas cuidarem. Nós podemos reduzir a tarifa abrindo a caixa preta do transporte coletivo”.

Ao concluir sua participação, Manuela declarou: “nós podemos construir um caminho em que a solidariedade, a esperança, o serviço público, a transformação social sejam realizados. Eu convido a cada um e cada uma de vocês a construírem esse caminho junto conosco”.

Em postagem na sua página em uma rede social, Manuela faz um resumo de como foi sua participação.

Para assistir a íntegra do debate, clique aqui

 

 

Por Priscila Lobregatte