O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma “prévia” do PIB, tombou-9,73% em abril sobre março, resultado mais grave do que o esperado pelo mercado. O BC divulgou o resultado do índice na manhã desta quinta-feira (18), após ter apurado uma queda de -5,9% no índice em março. Na base anual de comparação, a atividade econômica caiu 15,09%.
O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve de índice de crescimento da economia. A prévia apresentada pelo BC leva em consideração a atividade da indústria, serviços, comércio e consumo, mas, o resultado oficial, é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No primeiro trimestre de 2020, os cálculos do IBGE foram de queda de -1,5%.
Também responsável pela apuração de dados dos setores econômicos, o IBGE registrou em abril um verdadeiro desmoronamento na produção física da indústria, vendas do varejo e prestação de serviços. No caso da indústria, as perdas foram da ordem de -18,7% no mês de abril, cujo período inteiro foi marcado pela quarentena e medidas de restrição (como fechamento de serviços não essenciais) necessárias para a contenção do coronavírus. O comércio, deprimido pelo desemprego e demora na concessão do auxílio emergencial para trabalhadores informais, despencou -16,8% em abril. Já o setor de serviços, responsável por quase 70% de todo o PIB, tombou -11,7% nesse único mês.
Os dados são um desdobramento da pandemia, mas também consequência da ausência de medidas que reduzam os efeitos econômicos do novo coronavírus. Embora a retração seja inevitável, países pelo mundo têm adotado medidas para diminuir esse impacto. Aqui no Brasil, a ausência de um plano que garanta renda às famílias e apoio às empresas durante a pandemia reforça previsões de que a depressão no ano será acima dos 6% negativos.
De acordo com o boletim Focus, também divulgado pelo BC a partir das estimativas de representantes do mercado, o país vai ter em 2020 uma recessão econômica que derrubará o PIB em pelo menos -6,48%.
Economistas consideram que é necessário garantir renda para as famílias durante o período de restrição, além de impedir que empresas quebrem através da adoção de programas de crédito e socorro direto.
O principal debate atualmente se refere à prorrogação do auxílio emergencial aprovado pela Câmara, no valor de R$ 600. O governo já afirmou que pretende cortar o benefício pela metade e estendê-lo por mais dois meses, apenas. Deixar a população sem renda ou reduzir o auxílio a um valor inferior, é uma perversidade com famílias que não tem renda alguma e dependem do socorro para sobreviver. Além disso, o impacto econômico será drástico já que afetará o consumo.
“Muito se fala do custo de manter a política até o fim do ano, mas a gente precisa pensar no custo líquido. Sem o benefício, a atividade econômica vai cair mais, e aí a gente tem impactos nas contas públicas da mesma forma”, afirma Débora Freire economista responsável por um estudo da UFMG sobre o auxílio emergencial. Ela diz que o custo de manutenção da política pode ser três vezes maior, mas os benefícios tendem a ser cinco vezes maiores em termos de PIB e arrecadação do governo. “As famílias usam esses recursos para pagar aluguel, comprar comida, pagar contas. O auxílio pode ajudar a mitigar os impactos da crise”, conclui.