Os trabalhadores da Eletrobrás iniciaram uma paralisação de 72 horas na madrugada desta terça-feira (15) contra a privatização da empresa, prevista na MP 1.031/2021, que foi entregue pessoalmente por Bolsonaro ao Congresso Nacional, em fevereiro, e deve ser votada no Senado esta semana.

Em nota, a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), que organiza a paralisação, afirma que “a privatização da Eletrobrás vai trazer sérios riscos sociais, ambientais e econômicos ao País”.

“Esse é um projeto criminoso. Um verdadeiro saqueio, uma pilhagem do patrimônio público, com um único objetivo de beneficiar os privilegiados que sustentam esse governo, especialmente banqueiros e especuladores”, diz a entidade.

A proposta do governo é que a empresa, que atualmente é quase totalmente pública, passe a ser mais de 50% controlada pela iniciativa privada.

Além da perda do controle estatal de um patrimônio estratégico para o país, sindicalistas, trabalhadores da empresa e especialistas da área argumentam que, ao ser privatizada, a população brasileira vai acabar pagando a conta, pois os preços da energia serão ajustados de acordo com o mercado.

“Tanto o texto original da MP1031, quanto o PLV substitutivo, aprovado na Câmara, vão trazer um aumento extraordinário na tarifa de energia, um tarifaço na conta de luz”, afirma a Federação.

Para a entidade, “o que seria um absurdo em qualquer tempo, é mais grave no Brasil de hoje, que atravessa a maior crise sanitária, social e econômica de sua história por conta da Covid19 e outras mazelas”.

A FNU argumenta ainda o absurdo que é uma decisão como essa ser proposta por meio de medida provisória. Um “rito sumário, ou seja, sem nenhuma audiência pública e sem a criação de uma Comissão Mista de Senadores e Deputados para debater sobre os riscos que uma iniciativa como essa pode trazer para os brasileiros e brasileiras”.

A Eletrobrás, que tem mais de 12 mil funcionários, é a maior empresa de energia da América Latina e uma das cinco maiores estatais do país, com 108 usinas em operação e 76,1 mil quilômetros de linhas de transmissão sob sua responsabilidade.

“É inadmissível que, nesse contexto tenebroso que vive o Brasil, queiram ‘passar a boiada’ da privatização da Eletrobrás, com todos os riscos e efeitos nefastos para a população brasileira, se aproveitando covardemente de que os holofotes da nação estão direcionados à CPI da Covid-19”, afirma a entidade.