As pesquisas não previram um segundo turno tão disputado

Uruguai só vai saber quem será seu próximo presidente na quinta ou sexta-feira próximas,  após um segundo-turno que teve um virtual empate. Luis Lacalle Pou , candidato do direitista Partido Nacional, obteve 48,7%  dos votos e Daniel Martínez , da Frente Ampla, conseguiu 47,5% das preferências, segundo dados  da apuração primária

A diferença de apenas 30.000 votos é inferior aos votos “observados”, como são considerados aqueles de pessoas que votaram fora de suas zonas eleitorais ou de idosos e de eleitores com necessidades especiais, que dependem de checagem especial; que representam neste caso cerca de 35.000 cédulas. Por isso há que esperar que a Corte Eleitoral realize a contagem secundária (recontagem voto a voto), que será chave para definir o sucessor de Tabaré Vázquez.

O presidente da Corte Eleitoral, José Arocena, assinalou que a segunda apuração começa na terça-feira, 26, e terminará no máximo na sexta, 30.  Esse cenário é muito complicado para o ex-prefeito de Montevidéu, o candidato Martínez.  Segundo a empresa de consultoria Enia, para ganhar o candidato da Frente Ampla necessita obter 91% dos votos “observados”.

Lacalle Pou, que em 2015 disputou – e perdeu – a presidência com Tabaré Vazquez, formou uma coalizão com o Partido Colorado, o ultra-direitista Cabildo Aberto e duas siglas menores, o Partido Independente e o Partido da Gente.  Essa aliança conta com maioria no Parlamento.

As pesquisas não previram um segundo turno tão disputado: davam uma vantagem a Lacalle Pou de entre quatro e oito pontos. As urnas revelaram um eleitorado dividido: Montevidéu e Canelones, que representam o Uruguai urbano, votaram majoritariamente pela Frente Ampla e o interior foi favorável à oposição.

A coalizão de Daniel Martínez, está no poder há 15 anos. O atual presidente, Tabaré Vázquez, governou o país entre 2005 e 2010 pela primeira vez; foi sucedido por José Pepe Mujica, também da FA, de 2010 a 2015; e retornou à presidência novamente com mandato até 2020.

O país apresenta um quadro político estável, mas sua economia que depende em alto grau do Brasil e da Argentina, países em recessão, mostra sinais de estancamento, com um crescimento de apenas 0.1% do Produto Interno Bruto no segundo trimestre do ano, impulsionado principalmente pela agricultura, informou o Banco Central. Já o desemprego foi de 9.2%, acima  do 8.5% do mesmo período de 2018, e a inflação é de 8.36%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística da Presidência.