Eleições no Amapá estão mantidas; especialista prevê situação difícil
As eleições municipais estão mantidas para as cidades do Amapá neste domingo (15). O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, fez um pronunciamento na noite de segunda-feira (9) convocando os eleitores amapaenses a comparecerem às urnas normalmente. O estado enfrenta um apagão que já dura sete dias.
Barroso afirmou que teve a garantia do Operador Nacional do Sistema (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de que até domingo o funcionamento de 100% do sistema elétrico estará normalizado. Atualmente apenas 70% do sistema funciona, em esquema de rodízio.
O ministro disse que também fez contato com o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP), Rommel Araújo, que assegurou que há “plenas condições” de realização das eleições. “Para precaver, estamos enviando, aqui do Tribunal Superior Eleitoral, 1,2 mil baterias sobressalentes para que urnas não deixem de funcionar mesmo que eventualmente falte luz”, disse Barroso. Segundo ele, “tudo” está sendo feito no país e no Amapá para garantir eleições seguras.
“Tudo que era possível fazer para todo o país para assegurar eleições sem riscos de contaminação e especialmente agora, para o Amapá, está sendo feito. Portanto, eu gostaria de convocar todos os eleitores do Amapá a comparecerem às urnas. As eleições para prefeito são as mais importantes. As pessoas não vivem nos estados ou na União. Elas vivem verdadeiramente nos municípios, que são responsáveis por políticas públicas importantes, como educação, saúde e saneamento básico”, disse.
Dos 16 municípios do Amapá, 13 foram atingidos pelo apagão causado por um incêndio em um transformador da empresa espanhola Isolux, que administra a rede elétrica no estado.
Na avaliação de Ikaro Chaves, engenheiro eletricista da Eletronorte e diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel), o prazo está apertado para a normalização do sistema até domingo, conforme previsto pelo ONS e pela Aneel.
“Para normalizar, para conseguir colocar 100% da carga, tem que trazer o transformador lá de Laranjal do Jari, no sul do estado, até a subestação Macapá. Só que a previsão de esse transformador chegar lá é quinta ou sexta. Aí tem que colocar em operação. Não é simples assim. Tem que fazer o ensaio, colocar óleo, filtrar óleo, tem todo um procedimento”, explica.
Chaves considera o cumprimento do prazo de domingo “possível, mas pouco provável”. Ele ressalta que, caso as eleições aconteçam nas condições atuais do Amapá, possivelmente alguns locais de votação terão energia e outros não. A energia não é fundamental, uma vez que as urnas eletrônicas funcionam com bateria. Mas o engenheiro destaca que será uma situação de anormalidade.
“Se a urna funciona com bateria, não precisa de energia elétrica. O problema é outro, é que a cidade não está funcionando. Você tem uma situação de anormalidade na vida das pessoas, é possível que haja uma abstenção alta. Porque algumas áreas da cidade têm energia, outras não, e eles vão trabalhando em sistema de rodízio. Como isso vai influenciar o procedimento das eleições, eu não sei. Acho que vai ser uma coisa sui generis, nunca aconteceu no Brasil”, prevê.