García Sierra, candidata à prefeitura de Suárez, foi assassinada junto a cinco acompanhantes e seus corpos incinerados

Marcadas para o próximo dia 27 de outubro, as eleições colombianas já deixaram um monstruoso saldo de sete candidatos mortos, 39 ameaçados, dois sequestrados e cinco vítimas de atentados.

“O panorama é preocupante. Na disputa pelo poder local, alguns candidatos estão debatendo entre continuar sua aspiração ou morrer. Fazer política em muitas regiões é uma atividade perigosa”, esclarece o economista e professor universitário Camilo Rengifo Marin, do Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE).

Conforme Marin, as eleições deste ano – em que o povo colombiano elegerá governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores – contrastam com as de 2015, “as mais pacíficas da história recente”. “Segundo a Ouvidoria do Povo, atualmente, em 402 municípios, há um nível de risco pela presença de atores armados ilegais, porém o governo do direitista de Iván Duque não atua contra a insegurança pública e o assassinato massivo de dirigentes políticos, camponeses e indígenas”, esclareceu.

As cifras oficiais apontam que entre o dia 27 de outubro de 2018 e 27 de agosto de 2019 foram registrados 364 “fatos violentos” contra lideranças políticas, sociais e comunitárias e que, destes, 91 foram assassinadas desde o começo do calendário eleitoral. Para as organizações de direitos humanos, os assassinatos já superam os 800 dirigentes populares, com as milícias de direita sendo encobertados pelo desgoverno de Iván Duque, numa política de “terrorismo de Estado”.

Marin recordou que estas eleições serão as primeiras em que a sigla originária das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), antiga guerrilha convertida em partido Força Alternativa Revolucionária do Comum, será posta à prova eleitoralmente depois dos Acordos de Paz de dezembro de 2016. “Desde a assinatura do acordo foram executados 160 ex-combatentes e agora que se aproximam as eleições aumentam as ameaças contra os dirigentes do partido”, denunciou o professor.

Diante de tamanho descalabro, ressaltou o integrante do CLAE, “organizações de direitos humanos, os próprios partidos e comissões internacionais pediram ao governo que multiplique e reforce as medidas de proteção”. “A situação é tão dramática que em alguns municípios se consideraram inclusive a possibilidade de cancelar as eleições”, sublinhou.