Professor Claudio Fonseca e Guilherme Boulos

O PCdoB São Paulo (SP) pode ter um vereador na próxima legislatura da Câmara Municipal de São Paulo. Segundo o presidente municipal do Partido, Alcides Amazonas, esta deve ser uma motivação extra para a militância comunista lutar pela vitória de Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno das eleições municipais.

“Se Boulos for eleito prefeito, nosso camarada Claudio Fonseca vai se tornar vereador”, afirma Amazonas. No domingo (6), Claudio recebeu 29.782 votos e ficou na segunda suplência da chapa de candidatos a vereador da Federação Brasil da Esperança – FE Brasil (PT, PCdoB e PV). Sua eleição escapou por menos de 700 votos.

Mas, caso Boulos derrote o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno, em 27 de outubro, a composição da vereança deve mudar. “É natural que, uma vez empossado, o prefeito indique vereadores para seu secretariado e, assim, abra vagas na Câmara para suplentes. Por isso, podemos dizer que eleger Boulos também é eleger o Professor Claudio Fonseca”, resume Amazonas

Na noite desta quinta-feira (10), o PCdoB São Paulo promove uma plenária virtual, com a participação de Amazonas e Claudio, para orientar dirigentes, militantes e apoiadores sobre as tarefas partidárias no segundo turno. “É uma nova batalha – e todo nosso esforço tem de ser para a eleição da chapa Guilherme Boulos/Marta Suplicy”, antecipa Amazonas. “Um debate mais aprofundado sobre a campanha realizada pelo PCdoB nos últimos meses será feito depois do segundo turno.”

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Amazonas diz que há “muita coisa em jogo” em São Paulo. “Quem ganhar a eleição aqui vai acumular musculatura para a mãe de todas as batalhas – que é a disputa à Presidência da República em 2026.” A seu ver, o desafio dos paulistanos é “livrar a cidade da ultradireita, do bolsonarismo”.

Um raro empate triplo marcou o primeiro turno: Nunes teve 29,48% dos votos válidos, Boulos conquistou 29,07% e Pablo Marçal (PRTB) somou 28,14%. No maior colégio eleitoral do Brasil, com mais de 9,2 milhões de votantes, a diferença entre o primeiro e o terceiro colocado foi de apenas 81 mil votos. Boulos conta com o apoio do presidente Lula (PT), enquanto Nunes é o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Se em todo o País o pleito de 2024 foi essencialmente de continuidade, com um índice recorde de prefeitos reeleitos, o recado das urnas em São Paulo teve direção oposta. Conforme sintetiza Amazonas, “mais de 70% do eleitorado paulistano votou pela mudança”.

O presidente do PCdoB lembra que, nas eleições presidenciais de 2022, Lula venceu Bolsonaro na cidade de São Paulo por 53,54% a 46,46%. “Ganhamos do bolsonarismo há dois anos por 486 mil votos. Agora, precisamos buscar os eleitores de Lula que ainda não estão com Boulos, sobretudo os da periferia”, afirma Amazonas. “O presidente pode jogar papel muito importante.”

A primeira das três semanas do segundo turno começou melhor para o campo progressista. Num recado dúbio a seus apoiadores, Pablo Marçal disse que não apoiará Nunes e que Boulos deve vencer a eleição. Disse mais: muitos de seus eleitores já votaram em Lula e tendem a rejeitar o atual prefeito.

Em outra arena, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) – que também concorreu à prefeitura e obteve quase 10% dos votos – declarou apoio de pronto ao candidato do PSOL. Foi seguida pelo ex-governador paulista e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB).

Quinto lugar no primeiro turno, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) contou com o voto de 112 mil eleitores, mas declarou neutralidade. “Precisamos de todos esses votos, inclusive daqueles que votaram no Datena. Todo voto é bem-vindo”, resume Amazonas.

De acordo com ele, é necessário resgatar o legado do governo Marta Suplicy (2001-2004), a prefeita com melhor avaliação na história de São Paulo. Quando Marta estava na prefeitura, Amazonas era vereador. “Vamos comparar os vices”, propõe o presidente do PCdoB. “Com coragem e competência, ela fez o Bilhete Único, os corredores de ônibus e os CEUs. O vice do Nunes, Melo Araújo, defende tratamento diferenciado da polícia, com respeito nos Jardins e bomba contra os trabalhadores e os negros na periferia.”

O PCdoB deve manter o máximo possível da estrutura usada no primeiro turno. “O comitê do Professor Claudio Fonseca na Rua Rego Freitas é, agora, mais um comitê Boulos/Marta. Onde tivermos carro de som, vamos usar na campanha”, afirma Amazonas.

A articulação com lideranças da sociedade é outra frente prioritária. “Temos representação importante no sindicalismo, na juventude, no movimento de mulheres e negros. Vamos municiar nossa militância para buscar voto a voto, especial na periferia.”

O maior trunfo da esquerda neste segundo turno, conforme Amazonas, é a qualificação do candidato a prefeito. “Além de ter o melhor programa e o apoio de Lula, Boulos é um quadro político que está com ‘fogo nos olhos’ para derrotar um governo medíocre e o bolsonarismo.”

Na opinião do presidente do PCdoB, a candidatura de Nunes deve ser desmascarada. “O horário eleitoral começa nesta semana e vamos denunciar esse governo de fantasia, que está de costas para o povo. Até eu queria morar neste paraíso que é a São Paulo fictícia mostrada pelo prefeito, cheia de maquiagens eleitorais”, diz Amazonas.

“O problema é que a cidade real não tem saúde pública de qualidade, a educação e a mobilidade pioram, o meio ambiente fica em segundo plano”, acrescenta o presidente do PCdoB. “Nunes é um candidato forte, com dinheiro em caixa e grande bancada de vereadores. Mas a população quer a mudança, e vamos buscar as ampliações necessárias pata que, a partir de 1º de janeiro de 2025, São Paulo abra uma nova perspectiva para seu povo.”