El Salvador protesta nas ruas contra Bitcoin como moeda nacional
Atos pelo afastamento do presidente salvadorenho, Bukelele, concidiram com a comemoração popular pelos 200 anos de independência do colonizador espanhol. Também houve manifestações por soberania e desenvolvimento na Guatemala e Honduras.
Milhares de manifestantes tomaram as ruas da Guatemala até a Costa Rica nesta quarta-feira, 15 de setembro, para recordar o bicentenário da independência dos países da América Central e protestar contra as medidas impopulares tomadas por governos centro-americanos, em defesa da soberania, do desenvolvimento e dos povos indígenas. Em todos os atos havia um cuidado com a biossegurança, todos portavam máscara, cuidavam o distanciamento social e muitos portavam kits de desinfecção.
El Salvador
Em El Salvador, com faixas com o rosto de Dom Oscar Romero – assassinado enquanto celebrava a missa, em 24 de março 1980, por um atirador de elite treinado pelos Estados Unidos – , a jornada de protestos exigiu do governo de Nayib Bukele a volta do Estado de Direito e a defesa da democracia no menor dos países nascidos do processo independentista.
A marcha salvadorenha condenou a entrada em vigor da lei Bitcoin, a aprovação da reeleição presidencial e a reforma da Lei de carreira do judiciário, medidas que geraram amplo rechaço na sociedade civil. Conforme as pesquisas, três de cada cinco salvadorenhos reprovam a entrada em vigor do Bitcoin.
“Com a insurreição não há reeleição! Fora o corrupto Bukele!”, afirmavam cartazes erguidos por várias pessoas que citavam o artigo 87 da Constituição que “reconhece o direito do povo à insurreição, com o único propósito de restaurar a ordem constitucional alterada pela transgressão das normas relativas à forma de governo ou ao sistema político instituído, ou por graves violações dos direitos consagrados nesta Constituição”.
Guatemala
Na Guatemala, um dos epicentros do levante independentista da região contra o colonialismo espanhol no século 19, autoridades mais e movimentos sociais se somaram na Praça da Constituição para se contrapor à política de submissão ao estrangeiro adotada pelo presidente Alejandro Giammattei. De forma enfática, os representantes dos 22 departamentos, simbolizando os povos originários e a população guatemalteca, rechaçaram a comemoração protocolar vinda de um governo que só tem aprofundado a submissão e a dependência ao capital estrangeiro.
Honduras
Convocados pelo Partido Livre e pelas entidades populares, os hondurenhos coloriram as ruas de Tegucigalpa para exigir uma verdadeira independência e descolonizar o pensamento da sociedade. O ex-presidente Manuel Zelaya acompanhou a mobilização tirando fotos com os participantes.
A candidata presidencial Xiomara Castro também se somou ao ato, defendendo que o país deve retomar uma postura soberana e não mais subordinada ao estrangeiro. A mobilização foi encerrada no parque central ao redor da estátua do herói centro-americano Francisco Morazán, que lutou pela unificação dos países da região e sua transformação numa progressista nação.
Do lado oficial, o governo celebrou a seu estilo, rodeado de militares e policiais, acompanhados de empregados públicos e se autofelicitando pelos supostos feitos.