Em um vídeo que circula nas redes sociais, Edir Macedo reafirma a linha de Jair Bolsonaro e
Donald Trump de debochar das vítimas do coronavírus. Segundo o bispo da Universal, o vírus é
inofensivo e o alarde criado pela imprensa mundial visa levar o pânico às populações e nações,
sendo “mais uma tática de Satanás”.
“Meu amigo e minha amiga, não se preocupe com o coronavírus. Porque essa é a tática, ou
mais uma tática, de Satanás. Satanás trabalha com o medo, o pavor. Trabalha com a dúvida. E
quando as pessoas ficam apavoradas, com medo, em dúvida, as pessoas ficam fracas, débeis e
suscetíveis. Qualquer ventinho que tiver é uma pneumonia para elas”, diz o fundador da Igreja
Universal do Reino de Deus e apoiador de Bolsonaro.
Edir Macedo fundamenta a sua opinião em um depoimento do patologista Beny Schmidt. O
vídeo em que Schmidt fala sobre a doença saiu do ar, tal como o de Macedo. O religioso
apagou o vídeo de seu canal.
Na gravação, o professor de Medicina diz que o coronavírus não causa gripe e não é letal,
contrariando os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por cientistas e o
cenário de pandemia que se instalou.
Ao introduzir a fala do médico, o bispo diz ainda: “O pavor que a mídia tem usado para levar as
populações, as nações, apavoradas com respeito a esse vírus, coronavírus. Por trás de toda
essa campanha do coronavírus existe um interesse econômico. E onde há interesse
econômico, aí tem”.
Qualquer semelhança com Trump – ou Bolsonaro – não é mera coincidência.
No domingo, dia 15, Bolsonaro ignorou a orientação do Ministério da Saúde e foi para a frente
do Palácio do Planalto cumprimentar os seus apoiadores que pediam o fechamento do
Congresso e do STF. O presidente deveria estar em isolamento já que entrou em contato com
ao menos 11 infectados.
Bolsonaro disse que era seu “direito” apertar as mãos de apoiadores e que, caso tenha sido
infectado com o novo coronavírus, a “responsabilidade” é dele. “Ninguém tem nada a ver com
isso”, declarou Bolsonaro, ignorando a possibilidade de ter colocado seus apoiadores em risco.
Já Donald Trump ignorou o alerta dado pelos órgãos de Saúde dos EUA e atrasou as medidas
para a contenção da doença. Segundo ele, a doença estava sob controle e seu país não
precisaria adotar medidas restritivas. Suas declarações levaram a um atraso nas medidas
preventivas, incluindo o retardo na produção e distribuição massiva de kits de testes para
coronavírus.
Mais de três mil casos já foram registrados. O número, no entanto, pode estar defasado, já que
os Estados Unidos não contam com um sistema de saúde público e os custos para o
tratamento da doença devem ser arcados pelos pacientes.
Por lá, é comum que pessoas pobres e imigrantes não documentados deixem de notificar
doenças, pois não possuem condições de pagar as despesas.

Nos EUA, o tratamento para amenizar os sintomas da Covid-19 (que não possui cura) custam
25 mil dólares.
No Brasil
O Ministério da Saúde atualizou no domingo, 15, o número de casos confirmados do novo
coronavírus no Brasil. O balanço aponta 234 pacientes com diagnóstico positivo para o Covid-
19.
A pasta também confirmou que o Brasil já registra casos de transmissão comunitária, nas
cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Transmissão comunitária ocorre quando as equipes
de vigilância não conseguem mais mapear a cadeia de infecção, não sabendo quem foi o
primeiro paciente responsável pela contaminação dos demais.