Economista explica como a Rússia usa sanções para fortalecer soberania
O economista e acadêmico Sergey Glazyev, conselheiro do Presidente Vladimir Putin e responsável pela Integração e Macroeconomia da Comissão Econômica da Eurásia, publicou, dias depois de Joe Biden anunciar sanções contra a Rússia, o artigo originalmente intitulado “Sanções e Soberania” no qual considera que “a Rússia não foi seriamente danificada” por elas, contrariamente à União Europeia que tem acumulado perdas mais pesadas. Glazyev ressalta a oportunidade que as sanções trazem ao atirarem a Rússia na busca por produção soberana e critica a manutenção de uma política monetária pelas autoridades do Banco Central da Rússia e que precisam mudar para servir de apoio mais intenso à produção nacional.
Ele ressalta outros fatores positivos advindos das sanções: “o principal resultado das sanções EUA-Europa foi uma mudança na estrutura geográfica das relações econômicas externas russas em favor da China, cuja ampliação da cooperação compensa plenamente a redução das relações comerciais e econômicas com a União Europeia. Os consumidores europeus têm que mudar para matrizes energéticas norte-americanas mais caras, e seus produtores simplesmente perdem o mercado russo. As perdas totais da UE com as sanções anti-russas estão estimadas em US$ 250 bilhões”.
Mesmo mantendo uma postura crítica à política monetária do BC, Glazyev vê sinais de profundas transformações e valoriza o fato de que “hoje, a Rússia tem seu próprio sistema de transmissão de mensagens eletrônicas entre bancos, o Sistema de Transmissão de Mensagens Financeiras (SPFS) do Banco da Rússia, assim como seu próprio sistema de pagamento para cartões bancários Mir, que está interconectado com o sistema de pagamento chinês Union Pay e pode ser usado para pagamentos e transferências transfronteiriços. Ambos estão abertos a parceiros estrangeiros e já são amplamente utilizados não só em acertos domésticos, mas também em liquidações internacionais. A desativação do SWIFT já não é mais considerada como uma ameaça em larga escala, porém que beneficiará o desenvolvimento de nossos sistemas de pagamento e informações financeiras”.
Glazyev afirma que ainda “é necessário concluir a desdolarização de nossas reservas cambiais, substituindo o dólar, o euro e a libra por ouro”, junto com outras medidas para “fortalecer a soberania nacional da economia “.
Em seu balanço, o economista considera que “as sanções dos EUA são a agonia do sistema econômico mundial imperialista que está de saída, baseado no uso da força. Para minimizar os perigos que acarreta, é necessário acelerar a formação de uma nova ordem econômica mundial – abrangente – que restabeleça o direito internacional, a soberania nacional, a igualdade dos países, a diversidade dos modelos econômicos nacionais, os princípios do benefício mútuo e voluntariado na cooperação econômica internacional”, conclui.