Paulo Guedes | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom (Agencia Brasil)

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil desabou 9,7% no segundo trimestre, na comparação com os três primeiros meses do ano, segundo divulgou nesta terça-feira (1º/9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São dois trimestres consecutivos de quedas de uma economia que já vinha estagnada há três anos, após a recessão que durou de meados de 2014 a 2016.

“Com esse resultado, a gente está 15,1% abaixo do pico, que foi no primeiro trimestre de 2014”, declarou Rebeca de La Roque Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Já no primeiro trimestre (janeiro, fevereiro e março), a economia, que não estava “decolando”, como dizia o ministro Guedes, foi derrubada em menos 2,5%, resultado revisado pelo IBGE. Antes foi divulgado uma queda de -1,5%.

A pandemia da Covid-19, diante da economia frágil e de um governo tresloucado, ceifou a vida, até então, de mais de 120 mil brasileiros, e mais de 40 milhões de brasileiros estão no desemprego ou buscam trabalho e não conseguem encontrar. Milhares de negócios, de micro, pequenas, médias empresas, entre lojas e indústrias, encerraram as portas.

A queda não foi ainda maior graças ao auxílio emergencial, aprovado pelo Congresso Nacional, após pressão da sociedade, e contra a vontade de Bolsonaro&Guedes.

O tombo do PIB, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, no segundo trimestre, foi o maior tombo registrado no país desde o inicio da série calculada pelo IBGE. O maior recuo tinha sido de -3,9% no quarto trimestre de 2008 (-3,9%). Em relação ao segundo trimestre de 2019, a queda foi ainda maior, de 11,4%. No acumulado no primeiro semestre, o PIB caiu 5,9% em relação a igual período de 2019.

Em valores correntes, o PIB do segundo trimestre totalizou R$ 1,653 trilhão.

Investimentos desabam 15,4%

No segundo trimestre, os investimentos desabaram -15,4% na comparação com os três primeiros meses do ano. Com o resultado, a taxa de investimento em percentual do PIB encolheu para 15%, abaixo da observada no mesmo período de 2019 (15,3%).

Indústria de transformação recua 17,5%

Entre os segmentos, a maior queda foi na indústria (-12,3%), seguida por serviços (-9,7%), , que possui maior peso no PIB (da ordem de 75%). Foram as maiores quedas já registradas em toda a série histórica do PIB, iniciada em 1996. Segundo o IBGE, “Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional”.

Só a agropecuária teve alta, ainda de apenas 0,4%. A indústria extrativa caiu -1,1%; a indústria de transformação -17,5% e a construção civil -5,7%.

Consumo das famílias cai 12,5%

Com o desemprego e a queda na renda, o Consumo das famílias, considerado o motor do PIB, desabou e a queda também foi recorde: -12,5%. O Comércio caiu -13% e o Consumo do governo, em plena pandemia, recuou -8,8%. A Exportação ficou positiva em 1,8% e a Importação em menos 13,2%.

“Essa alta nas exportações tem muito a ver com as commodities, produtos alimentícios e petróleo. Já as importações caíram em vários setores, de veículos, toda a parte de serviço, viagens, já que tudo parou devido à pandemia”, destacou a pesquisadora.

PIB cai 11,4% em relação ao 2º trimestre de 2019

Comparado a igual período de 2019, o PIB caiu -11,4% no segundo trimestre de 2020, sendo essa a maior contração trimestral registrada na série histórica, iniciada em 1996, para essa base de comparação.

Entre as atividades, a Agropecuária cresceu 1,2%, a Indústria teve queda de 12,7%, sendo que a atividade das Indústrias de Transformação teve o pior resultado (-20,0%), outro recorde negativo da série histórica. O segundo recuo mais intenso veio da Construção (-11,1%).

Já Serviços caiu 11,2% em relação ao mesmo período de 2019, a maior queda já registrada na série histórica. A Despesa de Consumo das Famílias teve contração de 13,5%. Foi o segundo resultado negativo desta comparação após 11 trimestres de avanço.

A Formação Bruta de Capital Fixo recuou 15,2% no segundo trimestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. A Despesa de Consumo do Governo teve queda de 8,6% em relação ao segundo trimestre de 2019.

No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços cresceram 0,5%, enquanto as Importações de Bens e Serviços recuaram 14,9% no segundo trimestre de 2020.