É improvável que Bolsonaro vire e vença Lula, diz cientista político
A 33 dias para as eleições presidenciais de 2022, o cenário é favorável à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diz o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, coordenador do Instituto Ipespe. Segundo ele, a melhora pontual – mas modesta – do presidente Jair Bolsonaro (PL) não é suficiente para garantir uma arrancada nas intenções de voto, rumo a uma eventual virada.
No mais recente levantamento Ipespe, divulgado nesta quarta-feira (31), Lula aparece com 43%, contra 35% de Bolsonaro. Na simulação de segundo turno, o ex-presidente venceria o atual mandatário por 53% a 38%. A pesquisa, realizada de 26 e 29 de agosto, foi contratada pela XP Investimentos e foi a primeira do instituto após o início da propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV. Agosto também foi o mês em que as medidas eleitoreiras da PEC do Desespero passaram a vale
“Faltando pouco mais que um mês para a eleição, a distância entre os dois líderes é de seis pontos na espontânea e de oito na estimulada”, registra Lavareda. “A ofensiva de boas notícias que começou na free mídia e segue nos comerciais da TV e nas redes dá mais musculatura ao Presidente. É isso que explica o aumento da menção espontânea ao seu nome e o avanço no segundo turno, que pode ser visto como potencial de eventual crescimento ainda na primeira rodada.”
Mesmo com o declínio na rejeição ao governo, 57% dos brasileiros ainda acham que a economia, sob a gestão Bolsonaro, está no “rumo errado”, o que inviabiliza um crescimento mais consistente do presidente na preferência do eleitorado. Para Lavareda, “o ritmo da recuperação dos principais aspectos da imagem do Governo e do candidato, que compõem os fundamentos da sua competitividade, é insuficiente para que se possa imaginar uma ultrapassagem do primeiro colocado”.
A aposta do sociólogo é a de que Bolsonaro apostará numa campanha cada vez mais suja para tentar desidratar as intenções de voto em Lula. “Daí a barragem de mensagens negativas que se assiste na TV, nas redes, entrevistas e debates, com vistas a impulsionar a rejeição do adversário. Até agora o resultado é modesto, mas ao que parece os ataques serão intensificados”, diz.
Na opinião de Lavareda, cabe à campanha de Lula responder a um “duplo desafio – de um lado obstacular a recuperação da imagem do Governo, e de outro contra-atacar de modo eficaz o próprio incumbente”. A História, para todos os efeitos, traz um dado positivo para o petista: “Nas oito disputas presidenciais travadas na Nova República nunca aquele postulante que liderava as pesquisas no dia do início da propaganda eleitoral deixou de ser vitorioso no primeiro turno (repetindo a vitória no segundo quando houve)”, conclui o sociólogo.