Hospital na cidade russa de Omsk, onde Navalny foi tratado e salvo | Foto: Reuters

Em declaração ao canal de TV Rossiya 24, Aleksandr Sabaev, o principal toxicologista da região de Omsk, onde Navalny foi tratado, explicou a razão pela qual a hipótese de envenenamento com a substância Novichok ou similar – como têm aventado autoridades alemãs – não seria cabível no caso de Navalny: “Pode-se concluir que se tivesse ocorrido o efeito [da intoxicação] na véspera do voo ou durante ele, as pessoas que o estavam acompanhando sem dúvida sofreriam intoxicação também, ou apresentariam alguns sintomas de envenenamento e isso não ocorreu.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia (MINREX-FR) considerou “declarações hostis” as afirmações que partiram do ministro do Exterior alemão, Heiko Maas e de seu homólogo francês, Yves Le Drian que, no dia 2, assumiram que havia “comprovações” mostrando que o russo teria sido envenenado com uma sustância da família Novichok, desenvolvida na Rússia.

Sobre “as categóricas afirmações de que os compostos químicos tóxicos de ação nervosa, que no Ocidente se denominam como Novichok, se desenvolveram na Rússia”, o MINREX-FR assinalou: “Durante anos, os especialistas de muitos países ocidentais e estruturas especializadas da OTAN têm estado trabalhando em compostos incluídos neste vasto grupo de sustâncias químicas. E nos Estados Unidos, por exemplo, se concederam oficialmente mais de uma centena e meia de patentes aos desenvolvedores de tecnologia para serem aplicados em combate”.

Ainda segundo o toxicologista Sabaev, os compostos organofosforados são substâncias muito tóxicas, e os utilizar para a intoxicação de uma só pessoa é impossível. Pois “como regra acabam sendo envolvidas outras pessoas, as que acompanham a vítima pelo menos”, acrescentou.

Além disso, Navalny não apresentou sintomas típicos de envenenamento, segundo o médico.

Em entrevista ao site Sputnik, a cientista política e ex-funcionária da União Europeia, Petra Erler, disse que a mídia ocidental divulga que Putin estaria por trás de um envenenamento, o que teria sido confirmado pelo laboratório especial da Bundeswehr (como são denominadas as Forças Armadas na Alemanha).

Esler insistiu em que essa versão é falha e isso pode ser visto se houver interesse de investigar e determinar a responsabilidade do delito. “Os venenos nervosos como Novichok não só deixam rastro no sangue da vítima, mas também em todos os objetos e em todas as pessoas com as quais Navalny teve contato direto”, afirmou.

“No caso de envenenamento, Navalny deveria ter deixado rastros da substância na cafeteria do aeroporto de Tomsk, onde bebeu chá, assim como no avião, particularmente no banheiro e na sua cadeira na cabine. Também deveria haver envenenado seus companheiros, impregnado a ambulância e contagiado os médicos”, disse, confirmando as declarações de Sabaev.

No último dia 20 de agosto, Navalny foi hospitalizado após se sentir mal durante um voo entre as cidades russas de Tomsk e Moscou.

Durante sua hospitalização na Rússia não foram apontados traços de envenenamento. No dia 22, foi transferido para o hospital em Berlim por insistência da mulher e do irmão. Foi neste hospital onde médicos locais afirmaram que teria sido envenenado com a substância Novichok.

Os médicos russos forneceram aos médicos alemães cópias de todos os exames realizados e solicitaram o mesmo das autoridades alemãs sem resultado divulgado até o momento.

*****