Supermercado na zona sul do Rio de Janeiro.

Além da disparada dos índices de inflação no país, o percentual de produtos e serviços atingidos pelo aumento de preços voltou a bater recorde histórico em fevereiro. Uma pesquisa realizada pela LCA Consultores a partir do monitoramento dos preços de produtos e serviços que compõem o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aponta que 74,8% dos itens tiveram aumento de preços em fevereiro. Em janeiro, o percentual foi de 73,2%, mostrando que a inflação que atingiu patamar recorde no governo Bolsonaro, alavancada pela disparada nos preços dos combustíveis e dos alimentos, se generalizou.

O IPCA, a inflação oficial do país, ficou em 1,01% em fevereiro – o maior nível para um mês de fevereiro desde 2015. Com o resultado, os preços gerais já acumulam alta de 10,54% em 12 meses.

O percentual de difusão da inflação pesquisada pela LCA demonstra que, dos 377 itens que o compõe, 282 tiveram aumento de preços. Bruno Imaizumi, economista responsável pelo levantamento, disse ao Estadão que o recorde das fatias de itens com aumento de preços revelam grande espalhamento do processo inflacionário brasileiro, além do aumento da “inércia inflacionária”, ou seja, quando os preços que subiram não cedem. “Está bem claro que a qualidade da inflação vem piorando bastante”, afirma.

Quando se exclui os alimentos, que representam 168 dos itens pesquisados, 73% dos 209 itens restantes tiveram os preços subindo, o que também é uma marca histórica.

Os dados da inflação de fevereiro não computaram o mega aumento dos combustíveis anunciado pelo governo Bolsonaro na semana passada. O preço da gasolina foi reajustado em 18,8%, o óleo diesel em 24,9% e o GLP (gás de cozinha), em 16,1%. Espera-se, portanto, que os próximos meses sejam ainda mais difíceis para o brasileiros que já enfrentam o desemprego e subemprego elevados e a queda na renda corroendo o orçamento das famílias.