Donbass: Liman é libertada e porto de Mariupol volta a operar
Com 95% da região de Lugansk libertada e também boa parte de Donetsk, segue avançando a desnazificação do Donbass e no sábado o porta-voz russo Igor Konoshenkov anunciou a expulsão das tropas ucranianas da cidade de Krasny Liman, entroncamento ferroviário estratégico e que dá acesso a importantes pontes ferroviárias e rodoviárias sobre o rio Severodonetsk, a caminho da cidade de Severodonetsk. As estratégicas cidades de Popasnaya e Irzum já estão sob controle russo-antifascistas do Donbass.
Na sexta-feira, em Mariupol, o porto já começou a operar, após a desminagem das águas, com cinco embarcações partindo e a chegada do primeiro barco mercante desde a rendição dos neonazis do Batalhão Azov.
No domingo, a principal informação de Konoshenkov foi sobre a destruição de mais um depósito de armas recém-entregues pelo Ocidente, em Krivoy Rog, explodido por mísseis. Forças russas conseguiram abrir uma cabeça de ponte em Severodonetsk, onde houve combates de rua.
“Muito difícil”
Nós últimos dias, repetiram-se as declarações ucranianas de que a situação no Donbass estava “muito difícil”, enquanto a procissão de solicitantes de um cessar-fogo, que havia sido aberta pelo chefe do Pentágono, general Lloyd Austin, crescia com o telefonema conjunto de Olaf Scholz e Emmanuel Macron ao presidente russo Vladimir Putin, ao mesmo tempo em que aumentava a ansiedade em Bruxelas sobre os “grãos” retidos em Odessa.
Em Davos, o patriarca das guerras e golpes dos EUA por décadas, Henry Kissinger, aos 98 anos, aconselhou Kiev a fazer acordo cedendo o Donbass e a Crimeia – pelo menos foi assim que foi destacado pela mídia imperial. Dos dois lados do Atlântico, ressoaram os alertas de que estava se deteriorando a “unidade” contra a Rússia, como feito em editorial do New York Times e em declaração de um ministro alemão. Enquanto Washington e outros quintais seguem entupindo de armas o regime de Kiev.
Em suma, a rendição do Batalhão Azov continua atrapalhando aquele quadro róseo de “Zelensky está vencendo”, mostrado freneticamente pela mídia da Otan.
Em Londres, memorando do ministério da Defesa britânico, órgão metido até o pescoço na operação de travestir a Ucrânia como um tipo de anti-Rússia, admitiu que a situação está péssima para a Otan no Donbass.
“Até 27 de maio, as forças russas provavelmente capturaram a maior parte da cidade de Liman, no norte do Oblast de Donetsk, no que provavelmente é uma operação preliminar para a próxima etapa da ofensiva russa no Donbass”, disse o ministério.
“Nos próximos dias, as unidades russas na área provavelmente priorizarão forçar a travessia do rio. Por enquanto, o principal esforço da Rússia provavelmente permanece 40 km a leste, ao redor do bolsão de Severodonetsk, mas uma cabeça de ponte perto de Liman daria à Rússia uma vantagem na potencial próxima fase da ofensiva de Donbass, quando provavelmente procurará avançar nas principais cidades ucranianas mais profundas de Donetsk – Slaviansk e Kromatorsk”.
O que significa que os combates estão se concentrando nas áreas que foram fortificadas ao longo dos últimos sete anos pelo regime de Kiev e pelos neonazistas. Para a completa libertação da República Popular de Lugansk, a parte norte do Donbass, só faltam Severodonetsk e sua cidade gêmea, Lisichansk, do outro lado do rio.
A revista norte-americana Nacional Interest avaliou a situação em curso no Donbass: “O controle russo sobre a região leste de Donbass cortaria a Ucrânia das áreas que compõem seu coração industrial e cumpriria o objetivo estratégico do Kremlin de estabelecer uma ponte terrestre segura para a Crimeia”.
Acrescenta ainda a publicação: “se os militares da Rússia prenderem e destruírem com sucesso as forças ucranianas entre Severodonetsk e Lisichansk, eles degradarão significativamente a capacidade da Ucrânia de contestar a região oriental de Donbass. Não está claro se as unidades militares ucranianas no saliente de Severodonetsk estão considerando planos de recuar mais para oeste, a fim de evitar um possível envolvimento russo”.
Na sexta-feira, o próprio governador pró-Kiev de Lugansk confirmou a previsão da National Interest sobre o risco de abandono dos últimos redutos na região, Severodonetsk e Lisichansk. “É possível que, para não sermos cercados, tenhamos que recuar”, disse Serhiy Gaidai, depois de se gabar de que teria “força e recursos suficientes para nos defender”.
Também começam a repercutir, a ponto de aparecer, por exemplo, no Washington Post, reclamações de soldados voluntários ucranianos, que haviam se inscrito em batalhões territoriais, na expectativa de ficarem nas suas regiões ocidentais, e agora, quase sem treinamento são empurrados como bucha de canhão à batalha central da guerra, no Donbass.
Essas denúncias têm aparecido nas redes sociais, assim como vídeos de mulheres e mães de soldados, protestando. Ao Post esses ‘voluntários’ disseram que se sentiram abandonados pelo governo em Kiev enquanto lutavam no leste. “Estamos sendo enviados para a morte certa”, disse um soldado voluntário em um vídeo do Telegram. “Não estamos sozinhos assim, somos muitos” nessa situação.
Uma companhia de 120 homens ficou reduzida a 54 por causa das mortes, ferimentos e deserções. O ‘treinamento’ consistiu em uma sessão de tiros com AK-47 e durou menos de meia hora. “Nós disparamos 30 balas e então eles disseram: ‘Você não pode conseguir mais; muito caro’”, disse o depoente ao Post. Eles foram colocados em uma vala da linha de frente e desde então foram bombardeados repetidamente sem qualquer capacidade de resposta.