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As eleições norte-americanas são, sem dúvida, o fato que está detendo a atenção do mundo todo neste momento. Os resultados ainda não estão definidos, pois a apuração ainda segue.

Por Vanessa Grazziotin*

Durante a apuração de votos, Donald Trump se pronunciou por duas vezes. Pelo Twitter, às 2h49 (horário de Brasília), ele escreveu: “Nós estamos grandes, mas eles estão tentando roubar a eleição. Os votos não podem ser lançados após o encerramento das votações”.

Às 4h da manhã, com Biden momentaneamente à frente na contagem (225 x 213 delegados), Trump fez um pronunciamento contraditório, extremamente perigoso e ameaçador. Após afirmar textualmente que “ganhou a eleição”, disse que vai recorrer à Suprema Corte para paralisar a contagem, ou seja, não permitir a apuração dos votos antecipados enviados pelo correio, e assim evitar uma “fraude”.

Disse ele: “É uma fraude que está sendo imposta ao povo americano. Francamente, nós vencemos essa eleição. Isso é uma fraude para o povo americano, uma vergonha para o nosso país. Estávamos nos preparando para vencer esta eleição. Por direito, vencemos esta eleição. Iremos para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Queremos que todas as votações parem”.

O que assistimos é Donald Trump, sendo Donald Trump. Seu objetivo é, sem dúvida, colocar a eleição em xeque. Uma tentativa de manter sua base mobilizada e assim garantir sua permanência no poder a qualquer custo, com base em métodos antidemocráticos.

O fato é que, apesar das pesquisas apontarem vantagem ao democrata Biden, as eleições seguem indefinidas. Os números apontam que ambos tem chances matemáticas de vencer o pleito. Os fatos acendem uma luz de alerta.

Primeiro, devemos ficar atentos aos movimentos e ameaças de Donald Trump, cujos reflexos ultrapassam as fronteiras norte americanas, pois Trump representa o principal elo das forças de extrema direita no mundo todo, inclusive do presidente do nosso país, Jair Bolsonaro.

Segundo, a extrema direita, que avançou muito em vários países do mundo, mesmo diante das barbaridades cometidas durante a epidemia, com atitudes negacionistas – de desprezo à vida, de incentivo à violência, de intolerância, e cuja política econômica, privatista, de divinização do mercado, que leva à exclusão da maioria do povo – segue mantendo um significativo apoio por parte de importantes parcelas da sociedade e mostra uma resistência e força para além daquilo que apontavam as pesquisas.

O que assistimos agora pode ser uma antecipação do que poderá vir a ocorrer no Brasil em 2022.

De nossa parte, não temos ilusão de que o candidato democrata será o melhor para o nosso país. Mas sem dúvida, uma possível derrota de Trump levará ao enfraquecimento de Bolsonaro, de sua política terraplanista, negacionista, agressiva, antidemocrática, e de subserviência ao Império Americano.

Não há como prever o resultado das eleições norte-americanas, mas, precisamos acompanhar os fatos, manter a vigilância sobre as ameaças feitas por Donald Trump. Vamos ver se Trump tem a mesma facilidade de promover um golpe em seu país, como tem feito em vários países da América Latina.

 

(PL)