Meng Wanzhou livre após quase três anos de prisão no Canadá como refém da política dos EUA

A diretora financeira da maior fabricante de equipamentos de telecomunicações chinesa Huawei, Meng Wanzhou, retornou para a China neste sábado (25), após quase três anos em prisão domiciliar no Canadá, acusada – sem provas – de ter desrespeitado sanção unilateral dos EUA contra o Irã.

Meng, filha do fundador da Huawei, Ren Zhengfei, foi detida em 1º de dezembro de 2018 no aeroporto canadense de Vancouver a pedido de Washington. A justiça americana a acusou de ter mentido para um executivo do banco HSBC, durante uma reunião em Hong Kong em 2013, sobre as ligações entre o grupo chinês e uma subsidiária chamada Skycom que vendia equipamentos para o Irã que sofria sanções dos Estados Unidos.

Um juiz canadense ordenou que Meng fosse libertada da custódia e cancelou a exigência de fiança na tarde de sexta-feira (24). Os EUA também retiraram as acusações e o pedido de extradição no mesmo dia.

Meng já havia chegado a um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Em uma audiência por vídeo poucas horas antes de sua libertação, ela apenas concordou com uma “declaração dos fatos” ao tribunal federal dos Estados Unidos em Nova York e se declarou inocente de todas as acusações, defendendo sua própria dignidade e a da Huawei.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, rejeitou as acusações de fraude contra a executiva da Huawei, afirmando que a detenção de Meng pelos EUA e o Canadá havia sido “perseguição política” e que a “alegação de ‘fraude’ contra ela foi “totalmente fabricada”.

“O retorno de Meng mostra mais uma vez a posição firme da China na defesa dos direitos e interesses dos cidadãos chineses em sua diplomacia com os EUA e a diplomacia estrangeira em geral”, disse Li Haidong, professor do Instituto de Relações Internacionais da China Foreign Affairs University, ao site Global Times.

Lü Xiang, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse no início do sábado que há vários fatores que levam os Estados Unidos a resolver esse problema, incluindo a atitude consistente do governo chinês em instar os Estados Unidos e o Canadá a libertarem Meng, e a pressão crescente que o Canadá tem enfrentado, pois sabe claramente que se insistir na extradição de Meng para os EUA, isso criará consequências negativas irrecuperáveis nas relações China-Canadá, e também os procedimentos injustificados com a falta de evidências em todos os procedimentos legais no Canadá, que estenderiam ainda mais a batalha judicial por muitos anos.

Canadenses

No dia em que Meng voltou para casa, a mídia canadense informou que dois canadenses – Michael Kovrig e Michael Spavor – deixaram a China em um avião para o Canadá. Spavor foi condenado em agosto em Pequim a 11 anos de prisão, depois de ser condenado por espionar segredos nacionais da China.

Embora alguns meios de comunicação ocidentais e políticos afirmem que a libertação dos dois canadenses foi um exemplo de “diplomacia de refém”, especialistas chineses explicaram que Meng é que era uma “refém política” segurada pelos EUA e Canadá, observando que as evidências crescentes ao longo dos procedimentos legais durante a luta da executiva chinesa contra a extradição mostraram que ela foi vítima de processo político.

A posição firme do governo chinês está sendo considerada chave para os cidadãos chineses e empresas no exterior, defendendo vários funcionários da Huawei em meio à severa repressão liderada pelos EUA às tecnologias 5G e às sanções nos últimos três anos.