Diretora da Huawei está há mil dias refém da guerra dos EUA contra 5G
Meng Wanzhou, a diretora da Huawei e filha do fundador da gigante chinesa dos equipamentos de telecomunicações, completou na quinta-feira (26) seu milésimo dia de prisão no Canadá, sob ameaça de extradição para os EUA, e aguarda para outubro uma audiência que poderá decidir a questão.
Na semana passada, uma petição online por sua imediata libertação recebeu a assinatura de 10 milhões de internautas chineses. Meng foi presa em 1º de dezembro de 2018. Arrancada de seu voo quando fez escala em Vancouver, foi transformada em refém da guerra de Washington contra a indústria de alta tecnologia da China. Essa política truculenta, iniciada pelo governo de Trump, em nada mudou sob Biden.
Diretora financeira da Huawei, Meng teve sua extradição pedida por Washington, sob a alegação de violação de sanções dos EUA contra outros países com os quais a empresa manteve transações inteiramente legais de acordo com a lei internacional e com as leis chinesas e dos respectivos países arrolados.
A defesa de Meng também reuniu provas de os EUA distorceram os fatos para imputar falsamente à executiva da Huawei e até mesmo apresentaram ao tribunal canadense evidências falsas.
Washington cinicamente acusou a executiva da Huawei de “fraudar o HSBC”, ao mentir para o banco “sobre os negócios da empresa chinesa no Irã”.
O verdadeiro ‘crime’ da Huawei foi ter suplantado as gigantes norte-americanas dos equipamentos de telecomunicações, que dominaram os estágios iniciais da transformação digital da telefonia, mas acabaram ficando para trás, bem para trás, no 5G.
A Huawei passou à frente com mais patentes, mais inovações e custo imbatível. Ainda, nos celulares, a Huawei superara a Apple como a segunda maior fabricante do mundo.
Impotente para superar o avanço da Huawei com um avanço maior de suas gigantes tecnológicas, o establishment norte-americano se dedicou a uma ação de bucaneiro contra a empresa chinesa, contra a qual lançou a pecha de ameaça à segurança cibernética alheia, o que tem usado como pretexto para pressionar outros países a excluirem a Huawei da implantação de suas redes de alta velocidade 5G.
E que se tornou o principal embate da guerra declarada no governo Trump ao programa chinês de dominar e produzir internamente a tecnologia de ponta, dos computadores quânticos à Inteligência Artificial, passando pelas redes digitais de alta velocidade.
Com esse objetivo, também proibiu a importação, pela Huawei, de chips de fabricação norte-americana ou que hajam sido fabricados com equipamento ou projeto provenientes dos EUA, e inclusive baniu a utilização do sistema operacional da Google.
Segundo o governo dos EUA, a prova da sua acusação de que Meng teria “fraudado o HSBC” na violação das sanções contra o Irã seria uma apresentação de PowerPoint que ela fez ao banco em uma churrascaria de Hong Kong em 2013.
Como demonstrou a defesa de Meng, o lado norte-americano agiu com má fé contra o tribunal, ao deliberadamente omitir dois slides da exposição que contrariavam a falsa narrativa.
Os advogados de Meng também denunciaram os abusos do devido processo: motivação política, detenção ilegal, omissões materiais e distorções e violações do direito internacional consuetudinário.
O governo chinês segue cobrando que os EUA retirem o iníquo processo contra Meng e exigindo que os direitos de sua cidadã sejam respeitados. O caso de Meng sempre foi uma “perseguição política de parte dos Estados Unidos”, e a detenção irracional do Canadá como cúmplice é “um exemplo clássico de coerção e violação dos direitos humanos”, denunciou a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.
Ela acrescentou que durante os últimos procedimentos, “os juízes canadenses levantaram repetidamente questões e pontos de suspeita de acusações de fraude feitas pelos EUA contra Meng, dizendo que as acusações eram contraditórias e pouco claras, enquanto expunham ainda mais as inconsistências do lado canadense que não conseguiu se justificar”.
Hua destacou que essa atuação também enlameia a imagem de país neutro, que o Canadá gosta de mostrar e instou as autoridades de Ottawa a ouvirem as vozes da China e permitirem que Meng volte para sua pátria e seus filhos.