Direção dos Correios não negocia e audiência no TST termina sem acordo
A audiência de conciliação entre os trabalhadores e a direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT-Correios), convocada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), nesta sexta-feira (11), terminou sem acordo.
Conforme o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios de São Paulo (Sindect-SP), a empresa foi mais uma vez intransigente na negociação mantendo os cortes nos direitos conquistados pelos funcionários nos últimos anos.
Desde julho, rompendo acordo coletivo assinado em 2019, a direção dos Correios reduziu benefícios como vale-alimentação, adicionais noturno, indenizações, licença maternidade, afetando drasticamente a renda dos funcionários, que se mantiveram como função essencial durante a pandemia do coronavírus.
Na audiência, o vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP), Marcos César Alves Silva, apontou os recordes de lucro que a empresa obteve nos últimos anos, rebatendo os argumentos dos advogados da empresa de que a empresa não tem condições financeiras de manter o acordo.
Segundo Marcos César, foram “meio bilhão de lucros em 10 anos (período que compreende, inclusive, os anos em que a empresa deu prejuízo), mais de R$ 800 milhões de lucros nos últimos três anos e mais de R$ 600 milhões de lucro de janeiro a julho/2020”. O representante da ADCAP também reforçou que o segundo semestre é historicamente melhor que o primeiro e, em 2020, isso tende a ser ainda mais forte, devido à pandemia.
A reunião foi mediada pela ministra do TST, Kátia Arruda, que marcou o julgamento do dissídio para o próximo dia 21 de setembro.
Conforme o Sindicato dos Trabalhadores, como a empresa se recusa a negociar, “a greve continua e precisa crescer com mais trabalhadores e setores parando e com todos participando dos atos, carreatas, distribuição de carta aberta e demais atividades convocadas pelo seu Sindicato”.
Essa foi a segunda audiência realizada. Na anterior, o TST havia proposto a manutenção de todas as cláusulas do acordo coletivo até o término da pandemia, mas a direção da empresa, através do Presidente General Floriano Peixoto, não aceitou a proposta do Tribunal.