O governador Flávio Dino (PCdoB) montou uma verdadeira “operação de guerra”, como classificou o jornal Folha de S. Paulo, para levar ao Maranhão em tempo recorde 107 respiradores e 200 mil máscaras compradas da China em março.

 A logística, envolvendo 30 pessoas, foi traçada para evitar que o lote fosse desviado, vendido aos Estados Unidos ou confiscado por Jair Bolsonaro (sem partido) – como já havia acontecido outras vezes, segundo a coluna Painel desta quinta-feira (16). Compras semelhantes já tinham sido atravessadas por Alemanha, EUA e pelo governo federal.

Com a ajuda de uma importadora maranhense, Dino negociou diretamente com uma empresa chinesa, que enviou os equipamentos e suprimentos médicos para a Etiópia, escapando da rota que passaria pela Europa – onde poderia ser desviada.

O secretário estadual Simplício Araújo, de Indústria e Comércio, que coordenou a empreitada, diz que o cargueiro que saiu da China e aterrissou em São Paulo teve o frete pago pela mineradora Vale.

Em São Paulo, a carga foi colocada em um avião fretado e enviada diretamente para o Maranhão, onde passou pela Receita Federal. A estratégia de evitar a liberação na Alfândega em São Paulo foi montada para que os equipamentos não fossem retidos pelo governo Bolsonaro.

“Se não fizéssemos dessa forma, demoraríamos três meses para conseguir essa quantidade de respiradores. Assim que os equipamentos chegaram já os conectamos para ampliar a nossa oferta de leitos de UTI”, disse Araújo à Folha. A operação levou 20 dias, ao custo de 6 milhões de dólares.

No Maranhão, conforme o secretário, 60% dos leitos de UTI estão ocupados. São 630 os casos confirmados de covid-19 e a testagem está sendo ampliada.