Neste final de semana, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), concedeu entrevistas a canais de televisão nas quais falou, entre outros temas, sobre o auto de infração, emitida pela Superintendência de Vigilância Sanitária (Suvisa) do Estado do Maranhão, ao presidente Jair Bolsonaro por não usar máscara e provocar aglomeração durante visita ao município de Açailândia na sexta-feira (21), tema que repercutiu no noticiário dos últimos dias. Flávio Dino também falou sobre a  internação, em hospital privado de São Luís, de um tripulante de navio vindo da Malásia infectado com a nova cepa da Covid-19 identificada pela primeira vez na Índia.

À GloboNews, Flávio Dino declarou, na noite de sábado (22), com relação a autuação de Bolsonaro: “estamos num momento delicado em nível nacional. Vemos as estatísticas num patamar muito alto e ascendentes, inclusive no nosso Estado. Ora, como eu posso determinar a fiscalização de estabelecimentos comerciais se o presidente da República — portanto, a autoridade máxima — não dá exemplo, descumprindo, inclusive, legislação federal?”, questionou.

O governador apontou que a autuação se baseou na Lei Federal 6437/77 e em lei estadual, ou seja, Bolsonaro desrespeitou ao menos duas legislações. “É um imperativo ético, uma questão ética. O presidente da República deveria dar o exemplo nessa hora difícil que o Brasil atravessa. E a lei é para todos”. Flávio Dino destacou, ainda, que “não existe imunidade para o presidente da República andar sem capacete em garupa de moto, como ele fez aqui — moto, aliás, da Polícia Rodoviária Federal, para espanto geral; não há imunidade para ele promover aglomerações que não fazem o menor sentido sem nenhum cuidado sanitário quando nós estamos aqui debatendo o risco até de uma nova cepa do coronavírus”.

Nova cepa da Covid-19

À CNN Brasil, Flávio Dino falou sobre a variante da Covid-19 identificada na Índia. “Há, infelizmente, uma divergência entre a adoção dessas barreiras sanitárias. Nós chegamos a estabelecer barreira nos aeroportos de São Luís e de Imperatriz no começo da pandemia e o governo federal foi à Justiça e impediu essas barreiras sanitárias”, disse.

No caso dos portos, esclareceu, há competência legal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Neste caso, quem nos notificou, inclusive, foi a Anvisa, órgão do governo federal, pela natureza federal dos portos. Nós adotamos as providências que nos cabiam no que se refere ao controle sanitário no hospital, ou seja, efetuamos a testagem e todas as recomendações de toda a equipe que teve contato com este paciente internado e, ao mesmo tempo, notificamos a empresa armadora do navio e também a empresa Vale, proprietária do porto, para que não haja atracação do navio até que haja liberação sanitária”.

Flávio Dino também colocou que “não temos transmissão local até aqui identificada; lembro que todos os profissionais do hospital estão vacinados, de modo que temos, sim, uma situação desafiadora, mas não temos ainda qualquer sinal de que além desse paciente indiano, nós venhamos a ter outra pessoa com a chamada cepa indiana. Agora, o Brasil é muito grande, não tem controle sanitário em aeroportos e portos, por isso mesmo acredito que lamentavelmente, é uma questão de tempo até que essa chamada cepa indiana também esteja circulando no Brasil”.

 

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Por Priscila Lobregatte