Navio-tanque de gás liquefeito russo, Boris Vilikitsky, aportado na França

A França se tornou o maior comprador de gás natural liquefeito (GNL) russo, segundo o jornal alemão Die Welt, citando dados do centro analítico finlandês CREA, o que só demonstra a dificuldade em prescindir, como anunciam, do gás e petróleo russo.

Foi ao GNL que a França teve de apelar, quando algumas usinas nucleares tiveram de suspender a operação por razões técnicas, reduzindo a produção de eletricidade.

O que foi possível devido à França contar com quatro terminais para receber ao mesmo tempo o GNL. A França , lembra o jornal, não recebe mais gás russo por meio de tubulações desde meados de junho.

Outra publicação alemã, o Welt am Sonntag, afirmou que o ministro de Assuntos Econômicos e Proteção Climática, Robert Habeck, mentiu sobre o volume de importações de petróleo russo pela Alemanha, subestimando “significativamente” o volume das importações de petróleo da Rússia

Habeck disse no final de abril que a Alemanha recebeu 12 % de suas importações totais de petróleo da Rússia. Ao mesmo tempo, em resposta a um pedido do deputado do Bundestag Jens Spahn, o Ministério da Economia alemão divulgou um número diferente: 27,8%. Mais do dobro.

Para o parlamentar, a divergência de dados leva a crer que a dependência da Alemanha em relação às importações de petróleo russo “dificilmente diminuiu”.

Uniper no sufoco

O baque financeiro causado pela alta do preço do gás e redução do fornecimento fez a gigante de energia alemã Uniper pedir socorro ao governo Scholz, registrou a agência de notícias Reuters. Estão em negociação com o Ministério da Economia alemão “medidas de estabilização” para a Uniper.

O presidente-executivo da empresa, Klaus-Dieter Maubach, disse que as negociações incluem possíveis garantias, aumento de linhas de crédito ou até mesmo o Estado assumindo uma participação acionária. Ele não revelou quanto dinheiro a empresa estava buscando.

“O desenvolvimento dos negócios deteriorou-se visivelmente devido à guerra na Ucrânia”, disse Maubach à Bloomberg. O aperto na oferta levou a empresa de energia a rever suas perspectivas para o ano.

Este mês, os fluxos de gás russo através do gasoduto Nord Stream para a Alemanha foram reduzidos em até 60% devido a problemas técnicos – compressores retirados pela Siemmens para manutenção e não devolvidos devido às sanções.

As sanções também estão forçando a Uniper a iniciar o processo de venda da subsidiária Unipro, que opera cinco usinas de energia na Rússia, que representou quase um quinto dos lucros da gigante no ano passado.