O presidente Díaz-Canel durante a Plenária do Comitê Central do PC concluída na sexta-feira.

Independentemente da situação adversa que temos na economia, da dureza da vida cotidiana, dos problemas de escassez, este tem sido um ano de vitórias”, afirmou o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, durante a Reunião Plenária do Comitê Central do PC que finalizou na sexta-feira (17).

“E foi um ano de vitórias, antes de tudo, porque desmantelamos uma intensa e profunda operação de agressão por parte do império, que estava empenhado em nos fazer desaparecer e estamos vivos e firmes”, disse.

“Um ano também de vitórias”, frisou, “por ter sido capazes de neutralizar os efeitos da pandemia; pela criatividade de nosso povo, de nossos cientistas; pelo papel desempenhado pelo nosso sistema de saúde e pelas lideranças do Partido e do governo em todos os níveis, liderando o trabalho com o povo neste confronto, o que nos deu a possibilidade de voltar a uma nova normalidade”.

O líder cubano esclareceu que é precisamente essa criatividade que permitiu, em meio a esses ataques, que um pequeno país, sob o impacto de um bloqueio intensificado, tenha criado cinco candidatos a vacinas — três dos quais já se tornaram vacinas — que o país tenha sido salvo; que hoje tenha um dos melhores indicadores mundiais em termos de letalidade e população vacinada; e que os diferentes indicadores tenham diminuído drasticamente, com mais de um mês de resultados sustentados, abrindo mesmo as fronteiras.

“E se sente esta sensação de vitória porque fortalecemos a unidade do povo cubano em torno do Partido e da Revolução; porque agimos com firmeza, não nos rendemos, não vacilamos, não nos deixamos subjugar, nem nos deixamos humilhar; resistimos a todos os ataques, mas resistimos a eles de forma criativa”, sublinhou.

“Tudo isso mostra que não foi apenas resistência: foi criação; e mais uma vez reforça o critério que temos que trabalhar — sabendo que o bloqueio vai ser mantido, que vai continuar apertando — com base em nossos esforços, em nosso talento, resistindo, mas também criando, e podemos conseguir isso, entre outras coisas, porque temos um povo digno e heroico”, assinalou.

Aumentar a participação popular

Ao abordar o contexto em que esta situação acontece, o chefe de Estado lembrou a crise multidimensional que existe no mundo e que tem sido reforçada pela incidência da pandemia, apontando que “os problemas de escassez e aumento de preços estão presentes em todos os países, em muitos dos quais os problemas de desigualdade social aumentaram, com sinais de egoísmo e especulação”.

No caso de Cuba, disse, “tivemos que enfrentar estes fatos em condições ainda mais adversas, o que nos colocou em uma situação econômica complexa, especialmente no que diz respeito à disponibilidade de alimentos e preços. Isto agora é uma prioridade para o Partido, para o governo, para o Estado cubano, e não podemos nos sentar e não fazer nada”.

“Temos que dedicar tempo e esforço”, insistiu, “para enfrentar esta situação, que tem dois caminhos: um grupo de medidas que podemos projetar, que são viáveis de aplicar efetivamente a partir do governo central, e que são para toda a sociedade; e outro, um grupo de ações que podemos desenvolver em nível local a partir do confronto, da convocação política, da análise política, do controle dos principais processos relacionados a esta questão e, acima de tudo, no entendimento de que é uma questão que precisa ser enfrentada por todos, e apoiada por todos como parte da sociedade”.

No caminho para encontrar soluções para o problema, o primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista advertiu que a primeira coisa que temos que alcançar é uma boa compreensão do problema e por que está acontecendo. A este respeito, comentou os efeitos do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelo governo norte-americano, e a crise global em um contexto em que os preços dos alimentos dispararam em todo o mundo.

“Independentemente desta situação, à qual não somos estranhos”, enfatizou, “o governo não aumentou os preços em um grupo de alimentos fundamentais que aumentaram em todo o mundo. Não aumentamos os preços e não vamos fazê-lo, porque aqui sempre tomamos como ponto de partida o fato de que não aplicamos políticas de choque”, reiterou.

Disse que uma discussão política deveria ser realizada imediatamente com todos os produtores e comerciantes para convencê-los da necessidade — nas circunstâncias atuais — de “abrir mão de certo nível de lucro, seja individual ou coletivo, a fim de baixar os preços. Tem que ser uma discussão honesta e aberta, argumentando a situação do país”, enfatizou.

A outra questão chave a ser tratada que o presidente apontou “está associada à forma como organizamos o próprio povo, nestes espaços de participação, para que possa realizar o controle popular sobre os preços e enfrentar, junto com os funcionários públicos e as instituições responsáveis por esta ação, o que é excessivo em termos de preços e especulação. Este será o melhor mecanismo de controle que podemos ter sobre estas coisas”.