Deputados repudiam exercício militar na Esplanada em semana de votação da PEC 135

Deputados do PCdoB reagiram à informação de que o Ministério da Defesa realizará nesta terça-feira (10) um desfile de blindados na Esplanada dos Ministérios. O exercício da Marinha muda de local e é levado ao centro político de Brasília em meio a uma série de declarações golpistas de Jair Bolsonaro e na semana que a Câmara deve derrotar o voto impresso – pauta amplamente defendida pelo presidente e já derrotada em comissão especial.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), o desfile de tanques mostra o desespero de Bolsonaro. “Quer demonstrar força na semana em que o Plenário deve enterrar a proposta absurda de voto impresso. Desde a redemocratização, nunca tivemos uma iniciativa dessas. É intolerável que o presidente tente intimidar o STF e a Câmara dos Deputados. Temos de nos unir com a sociedade civil, reforçar a defesa da democracia e combater ideias golpistas. Não passarão!”, destacou.

A vice-líder da Oposição, deputada Perpétua Almeida (AC) afirmou que Bolsonaro é “desses homens fracos e frouxos, que usam da força para mostrar poder” e que desvirtua a finalidade de atividades triviais das Forças Armadas para aumentar a tensão política.

“Em baixa nas pesquisas, traz veículos de artilharia e combate, usado em treinamentos militares, para a Esplanada. Mais uma vez usa as instituições militares para impulsionar seu projeto anarquista de poder. É um necessário exercício da Marinha, mas que Bolsonaro transforma num espetáculo político com a clara intenção de aumentar especulações. Bolsonaro vive de especulações e sobrevive de tensões políticas. Nunca será um líder”, afirmou.

De acordo com um comunicado da Marinha, o desfile marcará a entrega a Bolsonaro e ao ministro da Defesa, Walter Braga Netto, de um convite para que as autoridades acompanhem, na próxima segunda-feira (16), um tradicional exercício da Marinha que ocorre desde 1988.

Embora autoridades normalmente sejam chamadas a assistir à Operação Formosa, que ocorre na cidade de mesmo nome em Goiás, é a primeira vez que o convite ocorrerá com um desfile de blindados militares.

“Quer dizer que Bolsonaro pretende fazer uma parada militar amanhã para ameaçar o Congresso Nacional sobre o voto impresso? Eu custo a crer em um episódio tão ridículo, mas só de ser cogitado mostra que não há esperança de colocar focinheira em Bolsonaro. Não nos intimidará”, declarou o vice-líder do PCdoB, deputado Orlando Silva (SP).

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder da Minoria, afirmou que caso haja relação entre a votação do Congresso e o desfile promovido pelo governo Bolsonaro, o “Parlamento deve exigir a suspensão do desfile e responder com a derrota acachapante em Plenário” da matéria defendida pelos bolsonaristas.

Ao menos 15 partidos, entre eles o PCdoB, já se posicionaram contra o voto impresso nas eleições. Na última sexta-feira (6) o tema já foi derrotado na comissão especial que analisava a matéria, mas por decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) será levado à votação no Plenário. A previsão é de que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19 seja votada nesta terça-feira.

Para o deputado Rubens Jr (PCdoB-MA), nem esta tentativa de intimidação salvará Bolsonaro da derrota. “Desfile de canhões, enquanto a Câmara enterra o voto impresso, é mais um episódio deplorável de Bolsonaro, o improdutivo. Mas nem isso o salvará da derrota. No Plenário e nas urnas.”

Já a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) ao comentar a notícia afirmou que a Câmara “não vai aceitar provocações, nem intimidações”.

Para o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) “essa tentativa de Bolsonaro em demonstrar força com veículos blindado e lança-mísseis é grave, mas a democracia é soberana e não será intimidada”.

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Por Christiane Peres

(BL)