Desemprego é o maior desde 2012: 14,3 milhões de brasileiros
O número de desempregados no Brasil atingiu patamar recorde de 14,3 milhões de pessoas no trimestre encerrado em janeiro, informou na manhã desta quarta-feira (31) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o maior contingente desde 2012. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD-Contínua) que, a partir dos números, calculou a taxa de desocupação no país em 14,2% – também a maior já registrada no período desde o início da série histórica.
Em relação ao trimestre encerrado em dezembro, a taxa e o número absoluto de desempregados dispararam. Ao fim do ano passado, a taxa de desocupação era de 13,9% – representando um total de 13, 9 milhões de pessoas. Ou seja, o país entrou em 2021 pior do que saiu de 2020, ano marcado pela chegada da pandemia no país.
Olhando para os dados de um ano antes (janeiro de 2020), o desemprego cresceu 19,8% no país, percentual que, em números, acresceu 2,4 milhões de pessoas à fila do desemprego.
A população ocupada ficou 8,6% abaixo da registrada há um ano (-8,1 milhões de pessoas). Assim, o nível de ocupação – que é o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar – ficou em 48,7%. Ou seja, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país no início de 2021.
Devido ao fim do auxílio emergencial e à flexibilização das medidas de restrição de circulação, na virada do ano, a PNAD registrou um movimento de crescimento dos trabalhadores ocupados em atividades informais na passagem de um trimestre para o outro. Embora em queda na comparação com o mesmo período do ano passado, o número de empregados sem carteira assinada subiu 3,6% em relação ao trimestre anterior, o que representa um aumento de 339 mil pessoas; o contingente de trabalhadores por conta própria sem CNPJ aumentou em 4,8% no mesmo período, totalizando 826 mil pessoas a mais.
Já o número de trabalhadores com carteira assinada somou 29,8 milhões – dado estável frente ao trimestre anterior, mas 11,6% menor do que no mesmo período de 2020. Em um ano de pandemia, são 3,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada a menos no setor privado.
A taxa de informalidade ficou em 39,7% da população ocupada, um total de 34,1 milhões de trabalhadores informais.
Com o aumento da informalidade, o rendimento médio habitualmente recebido caiu 2,9% frente ao trimestre encerrado em outubro de 2020 e foi estimado em R$ 2.521. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve estabilidade.
O contingente classificado pelo IBGE como trabalhadores “subutilizados”, que reúne, além dos
desempregados, os desalentados, aqueles que estão subocupados (trabalham menos de 40 horas semanais), e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos, cresceu 22,7% em 12 meses, atingindo 32,4 milhões de pessoas. Dentre eles, 5,9 milhões desistiram de procurar uma oportunidade no mercado de trabalho, os chamados desalentados.
O IBGE considera como desempregado apenas os trabalhadores que efetivamente procuraram emprego nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa.
Com a economia do país em ruínas, a vacinação sendo sabotada pelo governo Bolsonaro e o corte na renda emergencial para R$ 150, no momento de recrudescimento da pandemia, a perspectiva é que o desemprego alcance níveis desastrosos em 2021. Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) projetam uma taxa de desocupação de 15,6% este ano.
“O cenário ainda é muito incerto e o recrudescimento da pandemia torna ainda mais difícil a retomada de setores-chaves para o emprego, como por exemplo o setor de serviços. Enquanto não for possível observar efeitos positivos da vacinação, é difícil pensar em resultados positivos para o mercado de trabalho”, afirma Rodolpho Tobler, economista da FGV.