Comércio de rua em Brasília.

Com a economia estagnada, o desemprego continua atingindo milhões de pessoas e no trimestre móvel encerrado em abril chegou a 11,3 milhões de brasileiros. Em meio à inflação acelerada, com os aumentos nos preços dos alimentos, combustíveis, remédios, planos de saúde, aluguel, botijão de gás, entre tantos, o brasileiro viu a renda desabar em doze meses em 7,9%.

Para enfrentar uma situação de carestia e endividamento recorde, milhões de brasileiros recorrem ao trabalho por conta própria, que em um ano subiu 7,2%, ou mais 1,7 milhão de pessoas. Ao todo são 25,5 milhões de brasileiros trabalhando nessa situação, milhões fazendo “bico” para sustentar suas famílias.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do IBGE, divulgados nesta terça-feira (31). Segundo o IBGE a taxa de desocupação foi de 10,5% no trimestre encerrado em abril.

O contingente de pessoas ocupadas foi estimado em aproximadamente 96,5 milhões, sendo que 38,7 milhões, ou 40,1%, estão no trabalho informal, sem direitos trabalhistas, segurança no trabalho ou qualquer amparo legal.

Na informalidade estão os trabalhadores sem carteira assinada no setor privado (12,5 milhões de pessoas). Foi o maior número da série. E cresceu 20,8%, cerca de 2,2 milhões de pessoas em um ano. De um total de 5,8 milhões de trabalhadores domésticos, 4,3 milhões estão nessa situação, sem carteira de trabalho.

Somando desempregados, subocupados por insuficiência de horas e as pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar, são 26,1 milhões de pessoas no trimestre encerrado em abril.

Rendimento real cai 7,9% em um ano

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) foi de 35,2 milhões de pessoas, subindo 2,0% (690 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 11,6% (acréscimo de 3,7 milhões de pessoas) na comparação anual.

No entanto, os números do IBGE apontam que, para estes brasileiros que conseguiram retornar aos postos formais de trabalho, “não foi observada expansão do rendimento médio real do emprego com carteira assinada”, destaca a coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.

O emprego formal, com carteira  assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) é de 35,2 milhões de pessoas

De acordo com a pesquisa Pnad, o rendimento médio real de todos os trabalhos, habitualmente recebido por mês, encerrou abril em R$ 2.569. O valor é praticamente o mesmo de março, mas representa uma queda de 7,9% com relação a abril de 2021. A massa de rendimento real habitual (R$ 242,9 bilhões) ficou estável na comparação anual.

Na comparação anual, a maior queda no rendimento médio foi observada no setor público (-12,4%), seguido pelos empregados com carteira assinada (-4,4%) e pelos sem carteira e conta própria, ambos com recuo de -3,3%.