Tráfego de ônibus e de carros e até passagem a pé estão suspensos na fronteira da Bolívia com o Brasil

Os governos da Bolívia e do Chile decidiram, nesta quinta-feira (1º), ampliar ainda mais a atenção com a variante do coronavírus encontrado em solo brasileiro. Enquanto os bolivianos optaram inicialmente pelo fechamento com as fronteiras brasileiras por um período de uma semana, os chilenos foram mais rígidos, com restrições para todos os seus limites terrestres e aéreo ao longo do mês de abril.

Ao lado do Paraguai, Chile e Bolívia eram até então os únicos países do cone Sul que ainda permitiam, mesmo com limitações, a entrada e saída de brasileiros.

Mas um entre quatro mortos pela pandemia no mundo é do Brasil e o Ministério da Saúde da Bolívia decidiu dar um basta. As medidas foram adotadas, ressaltou o ministro Jeyson Ausa, para proteger o povo boliviano e poderão ser mais rígidas na medida em que se agrave “a situação epidemiológica”.

Como parte dos esforços de combate à pandemia, o governo de Luis Arce Catacora dará prioridade à vacinação nas regiões fronteiriças com o Brasil, podendo “isolar” municípios onde há “circulação comunitária”. Além de apresentar um exame PCR negativo feito até 72 horas antes da entrada na Bolívia, viajantes também terão que cumprir um isolamento de dez dias, com um novo exame feito no sétimo dia.

Com uma população de 11,7 milhões de pessoas, a Bolívia soma 273 mil casos de coronavírus, com 12.280 mortes desde março do ano passado, quando foi registrado o primeiro caso no país.

Com 18, 7 milhões de habitantes, o Chile tem 1,01 milhão de casos de Covid e 23.421 mortes. O país que até então era apontado como exemplo – por manter a epidemia sob controle – vem registrando sucessivos recordes de contaminação -, após ter “flexibilizado” a linha de atuação. A média alcança 5,8 mil contagiados por dia, número que bateu recorde na semana passada, chegando a ultrapassar 40 mil, assim como a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que alcançou a 95%.

Embora seja o terceiro país com a maior parte da população vacinada contra covid-19 do mundo – já administrou a segunda dose em 18,4% da população até a última terça-feira (30) – sua média de contaminação e mortes vem perigosamente em ascensão.

Daí a razão do Chile ter anunciado a restrição das viagens ao exterior, tanto para nacionais como para estrangeiros residentes, só sendo permitidas através de uma autorização extraordinária por razões humanitárias urgentes e qualificadas, tratamentos de saúde ou providências essenciais para o bom funcionamento do país. Em relação aos caminhões que entram pela fronteira terrestre, o motorista deverá ter um teste PCR negativo com no máximo 72 horas.

Diante do agravamento do quadro, a direção da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) reivindica que sejam tomadas medidas urgentes, que possibilitem combater de forma mais certeira a pandemia que se propaga pelo país, assumindo o fracasso da sua estratégia sanitária. “Antes dos anúncios que o governo disse que iria fazer, defendemos a clara necessidade de medidas muito estritas que permitam, efetivamente, o confinamento”, declarou a presidente da CUT, Bárbara Figueroa.

Segundo a dirigente, além do controle de fronteiras, “são necessárias medidas sanitárias e econômicas como apontamos no Plano Nacional de Emergência, em que ressaltamos a necessidade de uma Renda Básica de Emergência, da restrição dos serviços essenciais e do controle e do congelamento de preços, particularmente dos alimentos”.