Nesta quinta-feira (08), deputados federais promoveram um protesto na internet, o “tuitaço”, contra a Medida Provisória (MP) 1031/21, que viabiliza a privatização da Eletrobras. Com a hashtag “#MPdoApagão”, os parlamentares denunciaram os efeitos nocivos para o país caso a estatal seja privatizada.

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) lembrou do caso do Amapá no ano passado, quando 14 municípios em que a energia é fornecida pela empresa estrangeira Gemini Energy foram atingidos por um apagão.

“Essa política de esquartejar empresas estatais para entregar ao capital externo tem sido um péssimo negócio”. Segundo ele, “a experiência no setor de distribuição produziu o que vimos no Amapá: ineficiência e apagão”, disse Daniel Almeida.

“Salvar a Eletrobras é salvar a energia. A prioridade deve ser a preservação das milhares de vidas que vêm sendo ceifadas com a Covid-19, e não promoção e o incentivo ao desmonte do patrimônio público. Somos contra! Quem ama o Brasil defende a Eletrobras. Estamos juntos nessa luta contra a privatização!”, completou o parlamentar.

A líder da bancada do PSOL na Câmara, Talíria Petrone (RJ), também lembrou do caso no Amapá e afirmou que as privatizações recentes de empresas de energia elétrica no país “só trouxeram para o povo aumento de conta de luz e risco de apagão. A Eletrobras privatizada pode transformar o Brasil em um grande Amapá”, escreveu a deputada.

“Privatizar a Eletrobras é privatizar a água, é vender os nossos rios. A estatal tem relevante importância na gestão das águas de bacias como a do São Francisco, Xingu, Paraná, Rio Grande, Tocantins, Araguaia”, completou Talíria.

“Privatizar para que? O governo quer doar a Eletrobras por R$ 20 bi. A estatal lucrou R$ 30 bi nos 3 últimos anos e paga dividendos bilionários à União! A empresa tem dívida baixa, está pronta para investir em obras e gerar empregos e retomar o desenvolvimento no Brasil”, disse o deputado federal José Guimarães (CE), líder da bancada petista.

O deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP) denunciou que com a privatização o povo estará sujeito ao aumento da tarifa. “O povo brasileiro já paga impostos demais. Não pode ser penalizado com a privatização da Eletrobras”, afirmou Camilo.

“Passamos 4 dias em completa falta de energia. Os outros 17 em racionamento precário. O apagão do Amapá mostrou que empresas privadas não têm compromisso com a segurança energética. O restabelecimento da energia no Amapá foi realizado pela Eletrobras/Eletronorte”, lembrou Capiberibe.

Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou que “a Eletrobras é a maior empresa de energia elétrica da América Latina. Presente em todos os estados. Tem 47% da transmissão, 30% da geração e 50% da energia armazenável pelos rios e bacias. Privatizar é criar oligopólio privado manipulando tarifas do mercado de energia”.

A MP foi entregue ao Congresso Nacional por Bolsonaro no final de fevereiro, sob relatoria do deputado Elmar Nascimento (DEM-BA). Elmar anunciou uma proposta de fatiar a companhia para uma privatização direta, em oposição à capitalização que a prepararia para a venda.