Deputados do PCdoB defendem ações conjuntas contra o novo coronavírus
Parlamentares do PCdoB defendem convergência de ações entre Executivo, Legislativo e governos estaduais e municipais para conter a propagação do coronavírus no país e criticam postura de Jair Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes frente à pandemia.
Desde que a pandemia foi declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e a crise econômica se acirrou, o governo brasileiro reforçou o discurso da necessidade das reformas. Na última semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao apresentar medidas para conter a crise no setor de saúde, afirmou que “essa crise é passageira” e voltou a defender as reformas.
Dias depois, sob pressão, Guedes amenizou o discurso de que as reformas são a principal resposta ao coronavírus e anunciou as primeiras medidas imediatas para combater os efeitos da pandemia à atividade do país.
A líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), manteve a crítica ao plano de Guedes. “Entre as medidas anunciadas por Guedes para barrar o coronavírus, está a privatização da Eletrobras. Enquanto isso, a maioria dos países anuncia a suspensão de pagamento das contas de energia, água e outras necessidades diárias. Estamos aprendendo da pior forma. O coronavírus desmonta tese do “Estado mínimo”, pois prova que só o Estado no controle enfrenta essa pandemia”, destacou.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também engrossou o coro contra as medidas do ministro. “Enquanto países mundo afora tomam medidas para conter os impactos da pandemia de coronavírus, no Brasil, o governo quer priorizar “reformas” e defende o teto de gastos, que retirou recursos para a saúde pública. Governo irresponsável e criminoso”, destacou.
Articulação
Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), é preciso uma ampla articulação entre os governos federal, estadual, municipal e o Legislativo para encontrar meios de barrar o avanço do vírus e de fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o parlamentar, a postura de Jair Bolsonaro tem sido reprovável.
“Em momentos assim é que fica evidente a importância de um sistema de saúde público e universal, como o nosso SUS. A emergência exige que o teto de gastos para a saúde seja flexibilizado, assim, os investimentos necessários poderão ser feitos para garantir tratamento adequado aos doentes, que tendem a aumentar”, destacou.
“Embora esteja demonstrado que nada de positivo virá do presidente, é necessário que haja convergência entre os esforços do Ministério da Saúde, o Legislativo e os governos estaduais e municipais. Estamos entrando em um período que exigirá de todos nós solidariedade e desprendimento”, completou.
O parlamentar destacou que são necessárias medidas variadas para proteger a população mais vulnerável:
“Quais medidas serão tomadas para assegurar proteção, por exemplo, à população carcerária e de rua? Como será possível garantir alguma renda àqueles que estão desempregados? Como atuar para que o necessário período de quarentena seja cumprido sem a ampliação do desemprego e das mazelas sociais? É necessário zerar a fila do Bolsa Família, ampliar os recursos para políticas de assistência social, criar planos emergenciais para evitar que setores sensíveis da economia sucumbam à pandemia”, elencou.
A irresponsabilidade vem do Planalto
Um dia depois de ter ignorado a orientação do Ministério da Saúde do seu governo, Jair Bolsonaro voltou a minimizar a pandemia de coronavírus. Na segunda-feira (16), o presidente afirmou que a crise mundial “não é isso tudo que dizem”.
Para Daniel Almeida (PCdoB-BA), “é inacreditável o nível de irresponsabilidade que o presidente tem com o povo brasileiro” ao menosprezar a existência do coronavírus. “Uma pandemia que já registra mais de seis mil mortes no mundo todo. É muita irresponsabilidade”, afirmou.
O descaso do presidente também foi alvo de críticas do deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA). O vice-líder do PCdoB na Câmara afirmou que a República está sem presidente e reforçou a necessidade de fortalecimento do SUS.
“Muitíssimo grave a situação do Brasil. Não há comando, estamos sem presidente. Aquele que deveria ser presidente se dedica a propagar o coronavírus e a degradar o ambiente político do país. Bolsonaro emite sinais claros de que aposta no caos. É um irresponsável, reconhecidamente incompetente, capaz de fazer qualquer coisa para instaurar um governo absolutamente autoritário. Precisamos cerrar fileiras na luta para conter o coronavírus que ameaça a saúde de milhões de brasileiros e, ao mesmo tempo, combater o Bolsonaro, esse vírus autoritário, arrogante, antidemocrático que atenta contra a política e a economia do nosso Brasil”, afirmou Márcio Jerry.
Para ele, fortalecer o SUS “é a mais eficaz vacina” para combater a pandemia do coronavírus. “Devia ser a prioridade absoluta do governo federal neste momento tão delicado e grave”, disse.