Um incêndio atingiu o galpão da Cinemateca Brasileira na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, no início da noite desta quinta-feira (29). O local abriga parte do acervo da instituição, constituído de mais de 100 anos de história do maior acervo audiovisual da América Latina, em cerca de 250 mil rolos de filmes.

A tragédia causou revolta entre os parlamentares da Bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados, que usaram as redes sociais para denunciar o descaso com que o governo trata a Cultura. A Cinemateca sofre com um processo de sucateamento, que se agravou desde o início da gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Em julho de 2020, o Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) moveu ação na Justiça contra a União por abandono da Cinemateca.

Segundo o líder do PCdoB na Câmara, deputado federal Renildo Calheiros (PE), o cinema do Brasil está de luto. “Um incêndio no prédio que fica em São Paulo atinge várias salas que guardam arquivos históricos. Retrato do descaso do governo Bolsonaro com a cultura. Um crime contra todos nós brasileiros”, lamentou o parlamentar.

O prejuízo ainda será contabilizado, mas algo como quatro toneladas de documentos do Instituto Nacional de Cinema, Concine, Embrafilme e Secretaria do Audiovisual foram consumidos pelo fogo. Itens como projetores e aparelhos antigos, cópias e matrizes secundárias de filmes podem ter sido destruídos.

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), que preside a Comissão de Cultura da Câmara, se referiu ao incêndio como uma “tragédia anunciada” e informou que o colegiado acionará todos os mecanismos disponíveis para investigar até as últimas possibilidades quais foram os fatores e os responsáveis pela catástrofe.

“O acervo da Cinemateca contempla mais de 100 anos de história brasileira em audiovisual e vem sofrendo com o descaso do governo Bolsonaro. Os trabalhadores já haviam denunciado a situação de abandono do local, que corria grandes riscos de incêndio. Não resta dúvidas de que esse governo é o maior inimigo da Cultura brasileira e quer apagar a nossa história! #bolsonaroinimigodacultura”, postou no Twitter.

Em abril, os trabalhadores da Cinemateca fizeram um manifesto dizendo que o acervo e os equipamentos corriam riscos por não estarem com acompanhamento adequado.

Para a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), não há como mensurar as perdas para a cultura e o cinema nacional. “Um crime contra a cultura brasileira! O incêndio na Cinemateca é fruto do abandono do governo Bolsonaro. Há 1 ano começamos a alertar. Fizemos duas audiências na Comissão de Cultura para tentar garantir equipes para manter o acervo e a brigada de incêndio. Nenhuma promessa cumprida!”, denunciou nas redes.

“O incêndio na Cinemateca mostra o descaso do governo com a nossa cultura. O país regride a passos largos sob a tutela de Bolsonaro, que desqualifica a nossa memória, quando não investe na manutenção dos órgãos e instituições que preservam a nossa história. É mais uma tragédia anunciada neste cenário de horror que estamos vivendo!”, apontou o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA).

A deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC) também manifestou sua indignação através das redes sociais. “A memória nacional indo pro ralo da desmoralização do Bolsonaro”, disse.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) lembrou que, em menos de uma semana, o país é vítima de um apagão na plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e do incêndio na Cinemateca, detentora do maior acervo do audiovisual na América Latina.

“Um pedaço importante da cultura nacional é consumido pelas chamas provocadas pelo descaso. CNPq, Cinemateca… não é à toa: é um projeto de destruição nacional implantado por Bolsonaro. hora de dizer BASTA!”, escreveu no Twitter.

A administração da Cinemateca está sob responsabilidade do governo federal, por meio da Secretaria Especial de Cultura, em Brasília. Em nota, o órgão informou que “lamenta profundamente” o incêndio e que foi pedida uma investigação à Polícia Federal para apurar as causas do fogo.

 

Por Walter Félix

 

(PL)